A avaliação da composição corporal é uma das ferramentas utilizadas para avaliar o estado nutricional do paciente e para acompanhar sua evolução ao longo do tratamento. 

E para a aplicação do exame existem vários métodos – são eles que iremos abordar neste novo artigo. Confira! 

O que é avaliação da composição corporal?

A avaliação da composição corporal nada mais é do que a mensuração dos diferentes compartimentos do nosso corpo. Ou seja, são métodos validados que tornam possível medir a massa livre de gordura, a massa gorda, a massa muscular e a massa óssea. 

As medidas e os percentuais obtidos são classificados de acordo com valores de referência para idade e sexo permitindo ao profissional ter informações que irão direcionar sua conduta.

Nessa avaliação a análise do estado nutricional do paciente é mais completa, uma vez que as medidas de peso, altura e índice de massa corporal (IMC) são limitadas, pois não consideram nem quantidade de gordura corporal nem a massa magra em suas classificações.

Como realizar a avaliação 

Atualmente, contamos com diversas técnicas para a avaliação da composição corporal. Dentre as mais utilizadas podemos citar bioimpedância elétrica, densitometria óssea (DXA), dobras cutâneas, ultrassom e tomografia computadorizada.

Cada uma delas possui características, limitações e custos diferentes; consequentemente, a aplicabilidade de cada uma também muda.

Por exemplo, a densitometria óssea é um dos métodos mais precisos que podemos encontrar: a avaliação é rápida e não invasiva. Porém, devido ao custo, acessibilidade e exposição à radiação, ela é mais utilizada em pesquisas clínicas ou em situações mais complexas e específicas. 

Já a medição por meio de dobras cutâneas pode servir como uma excelente ferramenta de baixo custo, sendo também pouco invasiva. No entanto, ela também apresenta algumas limitações (listadas mais abaixo).

O certo é que independente do método escolhido, ele deve ter seu protocolo padronizado e os equipamentos usados devem ser calibrados para garantir precisão e confiabilidade das medidas – além de minimizar o viés que cada um pode apresentar.

Pensando em te ajudar a entender melhor qual a aplicabilidade dos principais métodos praticados em consultório, listamos abaixo as principais características e limitações de cada um.

Como escolher o melhor método

Os métodos de avaliação da composição corporal que encontramos com maior frequência na prática clínica são as dobras cutâneas, a bioimpedância – recentemente vem crescendo também a utilização da ultrassom.

Abaixo trouxemos algumas vantagens e limitações desses métodos.

  • Dobras Cutâneas

Talvez uma das maneiras mais utilizadas na clínica para avaliar a composição corporal do paciente seja por meio das dobras cutâneas. A medição por dobras e outros dados da avaliação antropométrica tornam possível uma análise da adiposidade e da quantidade de massa livre de gordura.

Mas alguns cuidados devem ser tomados, como a padronização dos locais de dobras cutâneas, a calibração do adipômetro e os avaliadores, que devem ser treinados para a medição.

É um método de baixo custo, confiável, não invasivo e de fácil execução. Porém, tem como limitação o uso em indivíduos obesos devido ao limite de calibração e medida (milímetros) do adipômetro. Além disso, a confiabilidade das medidas depende da experiência e técnica do avaliador e do tipo de adipômetro utilizado.

  • Bioimpedância Elétrica

Trata-se de uma análise que consiste na passagem de corrente elétrica (indolor) através de eletrodos. A posição do corpo em que são colocados bem como a quantidade de eletrodos dependem do tipo de aparelho usado. 

Este método é amplamente utilizado por não ser invasivo, ser de fácil manuseio e ser um instrumento portátil, que apresenta as informações de maneira rápida. Assim, permite avaliar diferentes compartimentos corporais importantes como massa livre de gordura, massa gorda, e água.

No entanto apresenta certas limitações, principalmente devido a influências que as medidas podem sofrer. Dessa forma alguns cuidados antes da realização do exame devem ser tomados, tanto pelo paciente quanto pelo avaliador, como:

  • não praticar exercícios no dia que antecede a avaliação;
  • aderência, limpeza e posição correta dos eletrodos na pele;
  • ascite, edema e estados de hidratação alterados;
  • uso de próteses e adornos metálicos;
  • etnia e sexo.

Esses são alguns dos fatores que podem interferir na medição; por isso a importância de atentar-se ao protocolo da metodologia e ao aparelho escolhido a fim de minimizar vieses e obter resultados mais confiáveis.

  • Ultrassom

A avaliação via ultrassom mede a espessura da camada de tecido (pele, gordura, músculo) através de um aparelho portátil.

Ultimamente vem crescendo seu uso na prática clínica por ser rápido, não invasivo e de fácil transporte. 

Porém, ele requer que o avaliador seja qualificado e treinado para que a medição seja feita da maneira correta e a interpretação dos dados seja adequada. Além disso, tem custo elevado, e até o momento as técnicas de medição não tem um protocolo padronizado.

Em síntese, todas as técnicas de avaliação da composição corporal podem apresentar suas vantagens e desvantagens, mas devem seguir os protocolos padronizados e treinamento do avaliador para minimizar erros e garantir maior precisão nas medidas.

Cabe ao profissional avaliar qual é o seu público, e as condições que ele tem, para definir qual o melhor método a ser utilizado em sua prática clínica.

Referências:

Nutrition and Athletic Performance. American College of Sports Medicine, 2016.

International society of sports nutrition position stand: diets and body composition. Journal of the International Society of Sports Nutrition, 2017.