Um dos principais objetivos do nutricionista, além de entender o estado nutricional do paciente, é verificar suas necessidades como um todo. Para isso, é necessário uma série de exames clínicos, bioquímicos, de consumo alimentar, e a avaliação antropométrica.

Esse é o ponto de partida que direciona o profissional na definição dos caminhos e condutas a serem seguidas com cada indivíduo.

Neste artigo trouxemos explicações sobre a avaliação antropométrica e quais as principais medidas para realizá-la. Confira! 

O que é avaliação antropométrica?

A avaliação antropométrica (ou antropometria) é formada por um conjunto de medidas físicas, corporais, que são realizadas a partir de métodos já padronizados e valores de referência definidos.

É possível realizar medidas primárias, como peso e altura, e a partir delas aferir medidas secundárias através de cálculos, como o IMC por exemplo – assim pode-se classificar o paciente de acordo com esses parâmetros. Assim, a avaliação antropométrica torna-se uma ferramenta importante na prática clínica.

Por isso é um dos métodos mais indicados para auxiliar no diagnóstico, prevenção e identificação de riscos e possíveis alterações do estado nutricional, direcionando a intervenção do profissional.

Quais são as medidas da Avaliação Antropométrica?

Atualmente existem uma série de medidas para a avaliação antropométrica, cabendo ao profissional definir e utilizar as que mais se adequem ao seu público e objetivo.

A seguir estão descritas as medidas de avaliação antropométrica mais comuns realizadas em adultos:

  1. Peso

É a soma do peso de todos os nossos componentes corporais, ou seja, de todas as células, tecidos e órgãos. A aferição é feita com uma balança que deve estar zerada e calibrada em um solo nivelado.

O avaliado deve estar em pé, com os pés afastados ao centro da plataforma, com o olhar reto e fixo à frente.

  1. Altura

É a medida da dimensão longitudinal do corpo, e deve ser feita com um estadiômetro, ou utilizando uma trena.

Para a aferição, o paciente deve estar descalço, de pé, ereto, com os braços estendidos ao lado do corpo, os olhos em um ponto fixo à frente, e a cabeça a 90 graus do chão. Os calcanhares e os joelhos devem estar unidos, e os glúteos, costas e cabeça encostados na parede ou no aparelho de medida.

  1. IMC (Índice de Massa Corporal)

É um cálculo realizado a partir da divisão do peso do paciente (em quilos, Kg) pela sua altura (em metros) elevada ao quadrado (m2). A partir do valor obtido, ele é categorizado de acordo com a idade, sendo o valor do IMC basicamente classificado em: (a) baixo peso ou desnutrido, (b) eutrófico, ou (c) com sobrepeso ou obesidade.

Apesar de ser um cálculo simples e de fácil aplicação, ele não permite inferir a distribuição de massa, e nem distingue a composição corporal, ou seja, não leva em consideração o valor da massa muscular e da gordura.

Portanto, para a avaliação antropométrica de grandes grupos populacionais, este pode ser um bom parâmetro como indicador de saúde, ajudando a identificar e prevenir doenças.

Por outro lado, em avaliações individuais, sempre que possível, o IMC deve ser acompanhado de outros parâmetros que levem em conta a distribuição de gordura corporal.

  1. Circunferências Corporais

As medidas de circunferência corporal também são fáceis e rápidas de serem aplicadas. Trata-se da medição de vários perímetros corporais,  como cintura, abdômen, pescoço, tórax, quadril, braços, antebraços, punhos, coxas e panturrilhas.

Mas o profissional não precisa necessariamente realizar todas as circunferências. Geralmente cada um estabelece seu próprio protocolo de atendimento incluindo quais medidas irá realizar para o acompanhamento do paciente.

Dentre elas, as mais comuns são as de cintura e de quadril. A de cintura, especificamente, possui valores de referência que mostram um risco aumentado para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, principalmente por ser em uma região onde há acúmulo de gordura visceral, caso esteja aumentada.

  1. Dobras cutâneas

As dobras cutâneas são medidas feitas com um aparelho chamado adipômetro, e servem para estimar o percentual de gordura corporal.

As medidas são feitas diretamente na pele: o profissional “pinça” a pele do paciente, separando a gordura do tecido muscular. A partir daí, os valores obtidos no adipômetro são colocados em uma fórmula de acordo com o protocolo escolhido e os valores de gordura corporal são estimados.

Atualmente, contamos com programas e softwares para nutrição que fazem esses cálculos automaticamente a partir dos valores de cada medida das dobras cutâneas.

Os locais do corpo para avaliação dependem do protocolo utilizado pelo profissional, ou seja, de acordo com o protocolo diferentes quantidades de dobras são medidas. Assim, o profissional pode tomar as medidas de 4 ou 7 dobras, sendo que alguns protocolos utilizam a somatória delas.

Com o valor do percentual de gordura, o paciente pode ser classificado de acordo com as tabelas de referência.

A escolha do protocolo deve ser definida pelo nutricionista, levando em conta qual indivíduo será avaliado e se será possível a realização das dobras, já que uma das limitações é o seu uso em indivíduos com obesidade em grau mais avançado.

Como utilizar da forma correta?

Agora que já detalhamos as principais medidas para a avaliação, é importante ressaltarmos os cuidados para que elas sejam utilizadas da maneira correta.

A primeira dica é sobre a escolha e manutenção dos aparelhos utilizados. Eles devem ser calibrados e estar em boas condições de uso para garantir que as medidas não sofram quaisquer interferências.

Da mesma forma, para uma interpretação correta dos resultados e estimativas, os protocolos e métodos pré-estabelecidos e padronizados precisam ser seguidos à risca pelo avaliador.

Para essas aferições, o ideal é que o paciente esteja vestindo roupas leves, e que as medidas sejam tomadas sempre no mesmo horário e no mesmo estado, quando possível – por exemplo: sempre de manhã, em jejum ou alimentado. Isso evita grandes flutuações entre as avaliações e garante um melhor padrão comparativo.

Por fim, lembre-se que a avaliação antropométrica é classificada de acordo com as tabelas de referência, mas o estado nutricional do paciente deve ser investigado a partir de um conjunto de exames para definição do melhor tratamento, e das intervenções nutricionais mais adequadas.