Você já ouviu falar em cronobiologia?
Apesar do nome estranho, é algo familiar a todos nós, ou seja, é o estudo dos ciclos da natureza.
Por isso, está em todo nosso cotidiano, em ciclos de dia e noite, por exemplo, que está ligado nos nossos momentos de descanso e produtividade.
Se você ficou curioso sobre o assunto e quer entender como tudo isso está ligado com a genética, venha entender!
O que é a Cronobiologia?
A cronobiologia é uma área da ciência que estuda os ritmos biológicos.
Como o próprio nome diz, se caracteriza como um ramo da ciência que estuda a organização temporal dos seres vivos (do grego khrónos – crono = tempo; bíos = vida e logos = estudo).
Os ritmos biológicos são objeto de estudo desde a Grécia Antiga, mas foi apenas no fim da década de 1950 que essa área passou a ser reconhecida como uma disciplina científica.
Apesar de ter seu início recente, muito já se fala sobre o ciclo circadiano, que é um dos ritmos biológicos que regula o nosso relógio interno dentro das 24 horas que é um dia na Terra.
Mas a cronobiologia vai muito além, ela estuda outros ciclos e espécies, além dos humanos.
Cada organismo possui uma série de funções fisiológicas que seguem um padrão rítmico fundamental para a regulação do próprio organismo.
Alguns órgãos têm seu próprio ritmo ligados a certas horas do dia.
Isso ajuda a organização de forma padronizada, e assim um melhor funcionamento do sistema como um todo.
Por exemplo
O pâncreas é mais ativo secretando insulina durante o dia, uma vez que, a nosso maior momento de alimentação acontece nesse período.
Assim, a lipogênese e a síntese de glicogênio aumentam, com isso, potencializa o anabolismo, ou seja, favorece o estoque de energia no corpo.
O pâncreas não espera ser atingido no meio da noite para liberar insulina. Assim permite a entrada da glicose nos tecidos.
Pois esse hábito é, em geral, diurno.
Inversamente, durante a noite a secreção é maior de glucagon, e os processos de gliconeogênese e glicogenólise estão mais ativos.
Isso leva um maior catabolismo energético, ou seja, queima dos estoques já acumulados, e assim o corpo mantém a homeostase durante o sono.
Por conta deste padrão, o organismo não espera por uma refeição no meio da madrugada, quando os estoques de glicogênio já estão sendo degradados.
Outros processos, como liberação de enzimas digestivas no lúmen do intestino, seguem essa lógica, sendo mais ativas durante o dia do que a noite.
Por outro lado
Alguns animais noturnos tem um relógio biológico diferente, e desenvolvem sentidos de audição, visão e olfato para melhor se adaptar à noite.
Durante a madrugada eles caçam, se alimentam, e são ativos, enquanto de dia descansam.
Esse mecanismo de adaptação à cronobiologia permite às espécies tirar o máximo proveito da baixa iluminação noturna.
Enquanto isso, outros animais diurnos, colocam suas necessidades energéticas durante o dia.
Por isso, são mais adaptados para estarem mais ativos nesse período, de maior iluminação.
Além disso, existem também os ciclos das estações do ano.
Enquanto no inverno os dias são mais curtos, no verão há maior incidência de raios solares, e todos os seres vivos se adaptam a esses ritmos naturais.
Qual a relação com os cronotipos?
Os ritmos biológicos em nós, humanos, variam.
Sendo assim, existem pessoas que são totalmente matutinas e outras são mais noturnas.
Em geral, nós humanos somos seres diurnos, logo, nossa cronobiologia é ajustada para trabalhar durante o dia e descansar à noite.
Mas apesar deste ser o padrão, existem cronotipos diferentes, ou seja, cada pessoa terá uma predisposição natural a sentir energia e cansaço de acordo com o período do dia.
Por isso, saber reconhecer pode ajudar o profissional da saúde a individualizar a conduta para ter melhores resultados com o paciente.
Podemos dividir em 2 cronotipos básicos:
- Cronotipo diurno: tem seu pico de produção de melatonina antes da meia-noite, por isso precisam ir para a cama cedo e são mais ativos nas primeiras horas do dia.
- Cronotipo noturno: tem o pico de melatonina às 3h da manhã, então não costumam acordar cedo e são mais ativos durante a noite.
Ao entender melhor como o “relógio biológico” do corpo trabalha, podemos fazer um melhor planejamento para fazer as tarefas do dia a dia.
Assim, podemos aproveitar melhor os picos de produtividade e descansar no horário ideal para o repouso.
Cronobiologia e genética
Dentre os fatores reguladores dessas particularidades, estão a luminosidade, o contexto ambiental, hábitos, estilo de vida e, claro, a genética.
Com o conhecimento genético, é possível ver como é a influência no padrão de sono.
E assim pensar em estratégias para deixar sua rotina e hábitos e melhorar seu bem-estar.
Para ver qual o cronotipo do nosso DNA, podemos achar o gene CLOCK, por exemplo.
Quando se estuda o polimorfismo de rs1801260, vemos que as pessoas com o genótipo T/T, tem atividade maior diurna, e que provavelmente têm o hábito de se alimentar com menor frequência em períodos mais tarde à noite.
Enquanto isso, pessoas com os genótipos C/C e T/C, mostram hábitos noturnos, levando à sensação de fome com maior frequência.
Além disso, levam mais tempo para pegar no sono e dormem por menos tempo.
Dessa forma, caso seja visto a variante do gene CLOCK que tem hábitos noturnos, o profissional da saúde consegue casar suas condutas com a individualidade.
Mas fora a genética, para uma qualidade do sono, alguns comportamentos são importantes evitar:
- Ficar em ambientes com muita luz (principalmente as luzes brancas artificiais), pois vai atrapalhar a liberação de melatonina
- Fazer grandes refeições, hipercalóricas ou hipergordurosas, no período noturno, principalmente antes de se deitar, podem sobrecarregar o sistema digestivo e causar desconfortos durante o sono.
- Consumir cafeína ou outros estimulantes antes do horário de dormir.
- Não consuma álcool antes de dormir. Ele prejudica a capacidade de descanso restaurador do organismo, que deve ser evitado.
Logo, um sono de qualidade depende de regulações e estratégias individuais para que a rotina do dia a dia e o ritmo biológico do seu corpo estejam alinhados.
Por fim, a sua saúde será beneficiada e a percepção de melhoria no bem-estar diário aparecerá!
Editora do Blog DGLab