Gene BDKRB2 e seu papel na resposta aos treinos físicos

Gene: BDKRB2 (rs1799722)

Nome: Receptor Beta-2 da bradicinina

Função: este gene é responsável pela produção do receptor beta-2 da bradicinina, um potente vasodilatador que auxilia na regulação e no equilíbrio da pressão arterial e do fluxo sanguíneo. Além disso, está envolvido no aumento da captação de glicose no músculo esquelético durante a realização de exercícios físicos.

Possíveis genótipos para o gene BDKRB2

C/C 

Pessoas com esse genótipo têm uma tendência a uma melhor resposta a exercícios de força muscular.

C/T

Pessoas com esse genótipo tendem a ter uma resposta tanto para exercícios de força quanto de resistência.

T/T

Pessoas com esse genótipo têm uma tendência a uma melhor resposta a exercícios de resistência física.

Gene BDKRB2 e a resistência física

A bradicinina é um peptídeo produzido por várias células do nosso organismo, cuja função está diretamente relacionada ao controle da pressão arterial. Ela age diretamente em células endoteliais (formadoras dos vasos sanguíneos) a partir da ligação ao seu receptor, promovendo maior permeabilidade vascular e vasodilatação. Logo, seu efeito gera uma redução da pressão arterial, contrabalanceando o sistema pelo qual age a enzima ACE. 

A bradicinina também tem efeito nas concentrações de glicogênio muscular, controlando a disponibilidade de glicose para os músculos. Além disso, ela também está diretamente envolvida com a liberação do óxido nítrico (NO), que atua na redução da tensão dos vasos sanguíneos, permitindo o aumento do seu diâmetro e maior fluxo sanguíneo, melhorando a eficiência energética e a capacidade cardiovascular nos exercícios.

De acordo com variações no gene BDKRB2, responsável pela produção do receptor da bradicinina, determinadas pessoas tendem a responder de forma mais ou menos intensa ao seu efeito.  

Isso também tem sido alvo de estudos que mostram que os genótipos podem influenciar na resposta aos exercícios físicos, sendo que o “alelo T” gera maior quantidade de BDKRB2. Isso permite uma redução mais acentuada da pressão, além de maior degradação e transporte de glicose para os músculos (dependente e não dependente de insulina), levando a uma tendência maior resposta aos exercícios de resistência ou de longa duração, principalmente nos homozigotos com genótipo T/T, em comparação a indivíduos C/T e C/C.

Dessa maneira, os indivíduos com os genótipos C/T e C/C tendem a apresentar menores níveis de bradicinina, contribuindo para uma maior vasoconstrição, proporcionando melhores ajustes fisiológicos na realização de exercícios de força e potência. Adicionalmente, se houver maior quantidade ou atividade da ACE em indivíduos com esses genótipos, os níveis de bradicinina poderão ser ainda menores, potencializando o aumento da pressão arterial.

REFERÊNCIAS: 

Dias et al. Polimorfismos genéticos determinantes da performance física em atletas de elite. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, 2007.

Tsianos et al. Associations of polymorphisms of eight muscle- or metabolism-related genes with performance in Mount Olympus marathon runners. Journal of Applied Physiology, 2010.

Li et al. Bradykinin B2 receptor -58 T/C gene polymorphism and essential hypertension: a meta-analysis. Plos One, 2012.

Bhupatiraju et al. Associations and interactions of -58C>T and ± 9bp polymorphisms of BDKRB₂ gene causing susceptibility to essential hypertension. Clinical and Experimental Hypertension, 2012.

Nunes et al. Gender-related associations of genetic polymorphisms of alpha-adrenergic receptors, endothelial nitric oxide synthase and bradykinin B2 receptor with treadmill exercise test responses. Open Heart, 2014.

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Karambir Notay et al. TRPV1 and BDKRB2 receptor polymorphisms can influence the exercise pressor reflex. The Journal of Physiology, 2018.