Os telômeros são partes extremamente importantes dos nossos cromossomos que protegem os genes e garantem a estabilidade do nosso código genético.

Muito estudados nos últimos anos, sua descoberta rendeu um prêmio Nobel, colocou um holofote na urgência em levarmos um estilo de vida saudável, e abriu novas possibilidades de terapias contra o câncer.

 É isso o que veremos com mais detalhes neste artigo. Vem com a gente nessa!

O que são telômeros e qual a sua função?

Os telômeros formam a extremidade de cada um dos nossos cromossomos.

Apenas para uma rápida revisão: cromossomos são estruturas presentes no núcleo das células e são formados pelo DNA e por proteínas onde o DNA se liga.

No total temos 46 cromossomos em nossas células – portanto, podemos dizer que temos 46 moléculas de DNA, sendo que 23 delas vem do pai e 23 da mãe. 

No final da molécula de DNA de cada um dos nossos cromossomos existe uma parte que não é capaz de gerar nenhuma proteína, mas que tem a função de proteger os genes que estão na região mais interna. Essa parte é chamada de telômero.

Em uma analogia bastante usada, podemos comparar o cromossomo a um cadarço. A extremidade, que é mais rígida, protege o cadarço de se desfazer – o mesmo faz o telômero com relação aos genes, formando uma ponta protetora. 

Os telômeros e o envelhecimento 

Os telômeros dos cromossomos humanos são constituídos de uma curta sequência de nucleotídeos (TTAGGG), mas que se repetem milhares de vezes: TTAGGG-TTAGGG-TTAGGG-TTAGGG… 

O que acontece é que com o passar do tempo essa sequência se torna cada vez menor. Por exemplo, uma criança tem milhares dessas repetições formando os seus telômeros, e conforme ela chega à vida adulta esse número já é bem menor, com um número reduzido de repetições.

Esse encurtamento ocorre porque a cada rodada de multiplicação celular, as células não conseguem refazer adequadamente o comprimento dos telômeros. E isso é algo natural, que ocorre de forma lenta e progressiva conforme a idade avança.

Voltando à analogia do cadarço, é como se as pontas dele fossem sendo perdidas à medida que ele é usado.

E quando o tamanho dos telômeros se torna muito pequeno, os genes começam a ficar desprotegidos, as células não conseguem mais se multiplicar, e entram em senescência, um estado de “velhice celular”. 

Por isso é que o tamanho ou comprimento dos telômeros estão associados à longevidade. Ou seja, quanto mais tempo leva para os telômeros se desgastarem, maior é o tempo de vida útil que a célula tem – e, consequentemente, mais longeva pode ser uma pessoa.

Telomerase, a enzima anti-envelhecimento 

Quando nosso organismo está no início do seu desenvolvimento, os telômeros são mantidos do mesmo tamanho, mesmo sendo bastante grande a taxa de multiplicação celular.

Isso ocorre pois as células a esta altura são providas de uma enzima chamada telomerase, que é capaz de restabelecer o tamanho dos telômeros ao final de cada ciclo de multiplicação celular. 

Parênteses: pela identificação desta enzima, junto com a função dos telômeros, um trio de cientistas, liderado pela biologista molecular Elizabeth Blackburn, ganhou o Prêmio Nobel em 2009.

O problema é que após a etapa de desenvolvimento, na grande maioria dos tecidos maduros saudáveis, a telomerase para de ser produzida. A partir de então é que os telômeros começam a ter seu tamanho diminuído gradualmente até atingirem um ponto em que as células não se multiplicam mais – está instalado aí o envelhecimento celular!

Falando em telomerase, além de abrir portas para tratamentos contra o envelhecimento precoce, a enzima também tem potencial para terapias contra o câncer.

Isso porque células cancerosas, que se proliferam intensamente, conseguem ativar a produção dessa enzima. Logo, bloquear sua produção ou atividade nessas células poderia eliminá-las. Está mais que justificado porque a descoberta da telomerase rendeu um Nobel. 

A importância dos telômeros para nossa saúde

Nas últimas décadas, os avanços científicos nos brindaram com uma outra descoberta, também de extrema importância: o estilo de vida tem influência sobre o tamanho dos telômeros. Assim, quanto melhor a qualidade de vida, menor é a perda telomérica.

Explicando de outra forma, quanto mais saudável é a alimentação, quanto mais frequentes são os exercícios físicos, quanto maior o cuidado com a saúde mental e com as relações pessoais e sociais, menor é o encurtamento dos telômeros.  

Dessa maneira, por mais que as células se multipliquem, os cromossomos sofrem menos desgaste, e a renovação celular acontece com maior qualidade. E esse é um dos fatores que contribuem para uma melhor saúde e uma maior longevidade.

Do outro lado, ter hábitos não-saudáveis, como viver estressado, dormir pouco, ingerir comidas ultra-processadas frequentemente, estabelecer más relações com outras pessoas e estar sempre descontente, acelera o encurtamento dos telômeros, comprometendo a expectativa de vida.

Assim, temos uma via de mão dupla. Tanto o nosso DNA é capaz de nos dotar de certas características, como nosso estilo de vida pode influenciar o nosso DNA.

Logo, ter saúde não depende apenas do que nossos pais nos passaram em seus cromossomos, mas das escolhas que fazemos diariamente!