A suplementação de ácido fólico é muitas vezes necessária, mas deve ser feita de forma cautelosa.

Para que essa intervenção seja precisa e compatível com cada paciente, vários parâmetros devem ser levado em conta.

Por isso, neste artigo abordamos sobre a função do ácido fólico e o que deve ser considerado na hora de prescrever esse tipo de suplemento.

Vem com a gente e confira! 

O que é ácido fólico?

O ácido fólico é uma vitamina hidrossolúvel do complexo B, mais conhecido como vitamina B9.

Ele representa uma classe de moléculas chamadas coletivamente de “folatos”, encontrados nas fontes alimentares. 

A vitamina tem papel fundamental na regulação do desenvolvimento normal do nosso organismo, em especial as células nervosas, atuando na prevenção de defeitos congênitos do tubo neural.

Além disso, é importante para a produção e maturação de glóbulos vermelhos e brancos na medula óssea, atua como coenzima no metabolismo de proteínas, sendo também essencial para a síntese de DNA e de RNA.

Assim, a deficiência de ácido fólico leva a defeitos na formação do sistema nervoso central, à anemia megaloblástica, prejudicando também a saúde da pele e dos cabelos.

Desse modo, sua ingestão em quantidade certa previne o desenvolvimento de uma série de doenças, como as cardiovasculares, o câncer e até mesmo a depressão.

Ainda que esteja presente em alimentos facilmente encontrados para o consumo como espinafre, feijão, beterraba e rúcula, muitas vezes a suplementação de ácido fólico se faz necessária.

O que considerar para a suplementação de ácido fólico?

Apesar de ser essencial para a saúde e para o bom funcionamento do organismo, a suplementação de ácido fólico não deve ser feita sem indicação e orientação profissional.

A seguir, listamos alguns fatores a serem considerados na hora de definir se a suplementação é indicada ou não.

1- Indivíduo 

Em suma, as recomendações diárias se baseiam em sexo e idade.

Em mulheres, especialmente, verificar se estão em fase pré-gestacional, gestacional ou em amamentação é fundamental.

A partir desses dados, você saberá quais são as recomendações nutricionais do paciente em questão, e definir se há necessidade de suplementação de ácido fólico a partir das avaliações, conforme as que estão logo abaixo.

2- Ingestão alimentar 

Investigar o hábito alimentar do paciente é um ponto crucial.

Sabendo o que seu paciente consome de forma comum, você pode estimar as quantidades diárias de ácido fólico que ele está ingerindo. 

Isso ajuda na sua conduta e prescrição do suplemento.

3- Sinais e sintomas clínicos

Em casos mais extremos de deficiência, podem aparecer sintomas como náuseas, vômitos, diarreia e anorexia.

Por ser uma vitamina que desempenha um importante papel no sistema hematopoiético, pode acontecer o desenvolvimento de anemia megaloblástica.

Cujas manifestações clínicas são fraqueza, anorexia, perda de peso, cefaleia, dispneia, palpitações, entre outras.

Além disso, pode estar relacionado com sintomas cardiovasculares, uma vez que a sua deficiência pode levar a um aumento dos níveis de homocisteína, marcador importante para o risco de doenças cardíacas, aterogênese e problemas neurológicos.

4- Exames bioquímicos

A avaliação bioquímica deve ser realizada para identificar a possibilidade de deficiência ou variação sanguínea da quantidade de ácido fólico. 

Algumas alterações que podem ajudar no diagnóstico são os níveis séricos de folato eritrocitário, ferro e homocisteína.

A homocisteína encontra-se elevada também na deficiência de cobalamina (vitamina B12), folato e piridoxina.

Por isso a homocisteína não é um marcador específico, mas pode complementar a análise de outros elementos, para assim descobrir se existe a necessidade da suplementação de ácido fólico.

5- Teste Genético

A partir do teste genético, também é possível identificar polimorfismos relacionados a defasagens no metabolismo de vitaminas do complexo B. 

Neste caso, podemos mencionar o MTHFR, um gene que codifica a enzima Metileno Tetrahidrofolato Redutase, essencial para o metabolismo da vitamina B9. 

Indivíduos que apresentam o polimorfismo de risco para este gene têm atividade reduzida da enzima e podem apresentar um aumento dos níveis de homocisteína, principalmente quando não há ingestão suficiente de ácido fólico.

Como fazer a suplementação de ácido fólico?

Quando pensamos em suplementação, devemos nos atentar não somente à dosagem oficialmente estabelecida de acordo com as necessidades individuais, mas também na forma que iremos suplementar.

A suplementação pode ser feita na forma de ácido fólico ou metilfolato, que é sua forma ativa. 

Para ficar mais simples de entender, a enzima MTHFR, realiza a conversão do 5,10-metilenotetrahidrofolato em 5-metiltetrahidrofolato (forma circulante do ácido fólico). 

Ou seja, quando ingerimos folato ou fazemos a suplementação de ácido fólico, não estamos ingerindo a forma ativa, pois ele ainda tem que passar pelo processo de metabolização antes de ser usado.

Assim, orientamos a suplementação da sua forma já ativa, ao invés do ácido fólico sintético.

Isso melhora sua biodisponibilidade e ajuda até mesmo pacientes que têm variações genéticas que prejudicam sua metabolização. 

Por fim, vale falar que a suplementação de ácido fólico deve ser indicada quando há real necessidade, levando em consideração a individualidade de cada paciente, suas necessidades e suas avaliações clínicas e bioquímicas.

Referências Bibliográficas

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Vannuchi & Monteiro. Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes: Ácido Fólico. International Life Sciences Institute Brasil, 2010.
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