A resposta inflamatória do nosso organismo é um processo biológico selecionado ao longo de anos de adaptação da espécie humana. E o nível dessa resposta traça uma relação direta e importante entre inflamação e genética.
Por ser um sistema protetor do nosso organismo, o processo inflamatório acontece o tempo todo. Quando a resposta inflamatória se torna crônica, ao invés de preservar ela pode acabar prejudicando nossa saúde.
Neste artigo a gente te explica como isso acontece!!
Resposta inflamatória: como ela acontece no organismo
Primeiramente, o conceito de inflamação liga a respostas bioquímicas, fisiológicas e imunológicas que combatem situações de risco, como uma infecção. Além disso, ela é uma das responsáveis pelos reparos celulares necessários para a recuperação do organismo.
A resposta inflamatória pode ser sistêmica crônica ou aguda. Aqui vamos tratar apenas da inflamação sistêmica crônica, que é um desequilíbrio que gera uma resposta pró-inflamatória latente, de baixo grau, por vezes assintomática.
Essa condição aumenta a formação de radicais livres, que pode levar a várias alterações metabólicas, como dislipidemias e redução da oxidação de ácidos graxos.
Com o tempo, tais alterações podem dar origem a diversas doenças como: diabetes tipo 2, cardiopatias, hipertensão, que por fim pode evoluir para a síndrome metabólica.
Quando o estilo de vida aciona as células ligadas ao processo inflamatório crônico os níveis de citocinas pró-inflamatórias elevados são um sinal de alerta.
Muitos exames de biomarcadores inflamatórios elevados funcionam como guias para identificar esse quadro.
Contudo, estudos mostram que com o passar da idade, os níveis circulantes de citocinas, quimiocinas e de proteínas de fase aguda da inflamação ficam cada vez mais elevados.
Além disso, os indivíduos mais velhos têm maior expressão de genes envolvidos na inflamação. Acredita-se que isso seja causado, pelo menos em parte, por um processo chamado de senescência ou envelhecimento celular.
Inflamação e genética, qual a relação?
Certas variações genéticas podem promover a produção de mediadores inflamatórios em diferentes quantidades, de forma mais ou menos intensa.
Dessa forma, destacamos 2 genes para ficar de olho na hora de investigar o estado inflamatório do seu paciente: o TNF-A e o IL-6.
Ambos os genes produzem citocinas pró-inflamatórias: o fator alfa de necrose tumoral e a interleucina 6, ambos relacionados à resposta inflamatória do nosso organismo, em especial quando há aumento de tecido adiposo.
Quando um paciente apresenta o genótipo de risco para um desses genes, ele tem uma predisposição a uma resposta inflamatória acentuada, o que pode levar a complicações de saúde, como o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e obesidade.
Esses polimorfismos de risco podem facilitar o ganho de peso ou dificultar a perda de peso, já que a inflamação crônica é um fator que contribui para isso, principalmente quando ligada a hábitos alimentares inadequados por muito tempo.
Nesses casos é recomendado o uso de estratégias anti-inflamatórias, como consumo de ômega-3, que sofre a influência do gene FADS1, tornando estreita a relação entre inflamação e genética.
Genes, inflamação e o papel da nutrição
Para ficar longe do “risco inflamatório”, é bom recomendar os alimentos frescos, orgânicos e da safra, em opção de produtos industrializados, com altos teores de aditivos químicos.
As frutas, verduras e legumes, na maior variedade de cores possíveis, tem uma diversidade de compostos benéficos para uma modulação anti-inflamatória.
Os alimentos ricos em açúcares, principalmente os que contêm xarope de milho com alto teor de frutose, como refrigerantes e sobremesas industrializadas, também aumentam a inflamação.
Sua composição, nesse sentido, quando ligados a hábitos inadequados, podem levar à resistência à insulina, o que, pode aumentar o risco de diabetes.
Nesse cenário, é recomendado evitar alimentos ricos em gorduras saturadas, ou seja, ultraprocessados, carnes vermelhas, queijos e leites. Além de evitar ingestão de bebidas alcoólicas.
Além disso, mostramos a lista de alimentos com potencial anti-inflamatório:
- Peixes, especialmente de água fria e profunda, como o salmão, são opções para a dieta, são proteínas ricas em gorduras boas e em ômega-3;
- Oleaginosas (castanhas, nozes, amêndoas), sementes (chia, linhaça, semente da abóbora e girassol) e o abacate são opções para o dia a dia.
- Por fim, temos as leguminosas (feijão, lentilha, ervilha e grão de bico), grãos integrais (arroz integral, aveia, quinoa), pois são ricos em fibras e micronutrientes importantes.
Referências:
DiSalvo, David. Study: if you want to reach 100, keep your inflammation levels low. Forbes, 2015.
Furman et al. Chronic inflammation in the etiology of disease across the life span. Nature Medicine, 2019.

Editora do Blog DGLab