Atualmente uma das áreas que vem ganhando bastante destaque é a Nutrição Funcional, que busca identificar alterações bioquímicas e fisiológicas integradas a possíveis problemas nutricionais do paciente e sua resposta aos nutrientes. 

Para traçar um quadro clínico mais apurado de cada pessoa é necessário fazer uma investigação completa durante a anamnese nutricional. Para isso utiliza-se um questionário, que é conhecido como “Rastreamento Metabólico”. 

Se você ainda não o conhece ou quer entender melhor como aplicá-lo na prática, então confira este artigo na íntegra.

Rastreamento Metabólico: O que é?

O Rastreamento Metabólico é um método criado para investigar sinais e sintomas do paciente, provendo ao nutricionista informações que identificam problemas que podem ser sanados com um planejamento alimentar mais adequado.

Trata-se de questionário bastante completo, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Nutrição Funcional (IBNF), que é realizado durante a anamnese nutricional e que pode ser feito até mesmo antes da consulta. Isso ajuda a otimizar o tempo do profissional para conhecer o perfil do seu paciente, visto que as perguntas são rápidas e fáceis de responder. 

Para realizar o Rastreamento Metabólico, o nutricionista deve entregar ao seu paciente um formulário com questões relacionadas a cada um dos sistemas fisiológicos, como o endócrino, digestivo, cardiovascular, urinário, nervoso, reprodutor, respiratório, etc. 

Ao final do questionário, é dada uma pontuação que é e interpretada de acordo com as referências estipuladas pelo IBNF. Dessa forma, o tratamento nutricional pode ser mais direcionado às queixas específicas de cada paciente.

Agora que já entendemos melhor sobre ele, vamos aprender como aplicá-lo na prática!

Como fazer?

O questionário pode ser impresso e respondido tanto na forma escrita durante a consulta, como pode ser enviado ao paciente em formato digital, sendo que as respostas podem ser dadas antes da consulta, ou até mesmo na sala de espera enquanto aguarda ser chamado.

Hoje em dia, alguns softwares para nutricionistas já contém o questionário de Rastreamento Metabólico, possibilitando maior praticidade de envio ao paciente por e-mail ou por aplicativos. 

As perguntas são divididas de acordo com cada sistema fisiológico e as perguntas são respondidas em uma escala de pontos de 0 a 4, na qual “0” significa nunca ou quase nunca teve o sintoma, e “4” reflete sintomas frequentes e severos, conforme a lista abaixo:

  1. Nunca teve ou quase nunca teve o sintoma;
  2. Ocasionalmente teve o sintoma e o efeito não foi severo;
  3. Ocasionalmente teve o sintoma e o efeito foi severo;
  4. Frequentemente teve o sintoma e o efeito não foi severo;
  5. Frequentemente teve o sintoma e o efeito foi severo.

Os sintomas aos quais as questões se referem são sobre: azia, má digestão, dores de cabeça, alergias, tontura, constipação, flatulência, insônia, e mais uma série de outros sintomas. Com isso, consegue-se avaliar a potencial existência de sensibilidade do paciente a determinados alimentos.

Em seguida, é obtida a pontuação do paciente, que deve ser interpretada de acordo com a tabela abaixo:

PontuaçãoInterpretação
< 20 pontosPessoas mais saudáveis, com menor chance de terem hipersensibilidade.
> 30 pontosIndicativo de existência de hipersensibilidade
> 40 pontosAbsoluta certeza de existência de hipersensibilidade
> 100 pontosPessoas com saúde muito ruim – alta dificuldade para executar tarefas diárias, pode estar associada à presença de outras doenças crônicas e degenerativas.
Fonte: IBNF

A  interpretação dos resultados do Rastreamento Metabólico em conjunto com as demais avaliações nutricionais (idade, histórico, antropometria, exames bioquímicos, testes genéticos, hábitos alimentares), irão direcionar as condutas de forma mais específica, com o intuito de amenizar os sinais e sintomas relatados.

Além disso, é interessante estabelecer uma frequência para que o paciente responda novamente o questionário. Dessa forma é possível comparar as respostas em momentos distintos, bem como as pontuações obtidas e, consequentemente, avaliar se houve mudança ou melhora dos sintomas.

Rastreamento Metabólico: relação com a Genética 

Assim como na nutrição funcional, que tem como um dos principais objetivos relacionar os sinais e sintomas do paciente às questões nutricionais por meio do Rastreamento Metabólico, a genética também pode contribuir bastante nesse sentido.

A partir das informações que vêm do DNA de cada paciente, pode-se inferir a origem de sintomas e o desenvolvimento de doenças a partir da identificação de sensibilidades, intolerâncias e necessidades nutricionais específicas de cada indivíduo.

Dessa maneira os testes nutrigenéticos (ou testes genéticos nutricionais) vêm, cada vez mais, tornando-se uma valiosa ferramenta que pode ser agregada às demais avaliações clínicas.

Mas o que devemos ter em mente é que, acima de tudo, ouvir as queixas de cada paciente atentamente, e relacioná-las a outras avaliações nutricionais é essencial. Isso facilita a definição de estratégias de forma que sejam pensadas individualmente, melhorando a saúde e qualidade de vida dos pacientes de forma específica para cada um.