Com o desenvolvimento tecnológico na área da saúde, as taxas de mortalidade caíram ao mesmo tempo, a expectativa de vida aumentou. Mas e como a nutrigenética e longevidade se encontram?

Há pouco tempo atrás, acreditava-se que o tempo máximo de vida do ser humano chegaria a 100 anos, mas vemos cada vez mais idosos passarem dessa idade.

Nesse cenário de envelhecimento populacional, aliado à motivação instintiva humana de preservar a vida da espécie, nasce a necessidade de entender quais mecanismos estão atrelados ao aumento da longevidade. 

E é disso que tratamos neste artigo.

Continue aqui para entender como nutrigenética e longevidade estão juntos e podem ajudar a prevenir e até demorar processos que levam ao envelhecimento, proporcionando condições para uma vida longa e com maior qualidade.

Nutrigenética e longevidade: Qual a relação da genética com o envelhecimento?

Primeiramente, na extremidade da molécula de DNA, que formam cada um dos nossos cromossomos, existe uma parte chamada de telômero, que tem a função de proteger os genes que estão na região mais interna dos cromossomos. 

Com o passar dos anos, naturalmente os telômeros ficam cada vez menores, pois a cada rodada de multiplicação celular, as células não conseguem refazer adequadamente seu comprimento.

E quando eles se tornam pequenos, os genes começam a ficar desprotegidos, as células não conseguem se multiplicar, e entram no que chamamos de senescência ou “velhice celular”.

É exatamente isso o que acontece em todas as nossas células, que acabam morrendo e não têm um tempo hábil para se regenerar. Assim o organismo sofre um desgaste natural de acordo com o passar do tempo: todos passamos por esse acontecimento.

É por isso que temos que nos cuidar para que todo este processo ocorra da maneira mais tranquila possível, o que tem tudo a ver com um envelhecimento saudável. 

Nutrigenética e longevidade: Como ter uma longevidade saudável?

Longevidade saudável é a combinação de uma vida longa com saúde e bem-estar. Simples assim!

Para isso, os cuidados com o estilo de vida devem começar desde cedo, uma vez que o objetivo passa a ser a prevenção do aparecimento de doenças que surgem no decorrer do tempo.

Além disso, com o passar da idade, a saúde deve receber cada vez mais atenção. Isso porque, durante o envelhecimento das nossas células, as necessidades fisiológicas, metabólicas e nutricionais mudam, e serão necessárias adaptações.

O metabolismo vai ficando mais lento, a disposição já não é a mesma, e se não cuidamos da saúde, as doenças podem se instalar facilmente. 

Nutrição e longevidade

Uma das mudanças que ocorrem durante o envelhecimento, e que são muito importantes de serem observadas para a adequação nutricional, é a sarcopenia. Trata-se de uma síndrome progressiva de perda da massa e da força muscular.

Nesse processo, a composição corporal se altera, aumentando a quantidade de tecido adiposo e reduzindo o tecido muscular. Por isso a quantidade de cálcio e vitamina D consumidos devem ser observadas, já que além de melhorar a saúde dos ossos, eles fortalecem o sistema imunológico, o sistema cardiovascular e o tônus muscular. 

E pode acontecer do indivíduo não ter uma adequada exposição ao Sol, o que implica em menor síntese endógena da vitamina D. Logo, é super importante monitorar a hidroxivitamina D nos exames de sangue para verificar a necessidade de suplementação.

A ingestão de cálcio também deve ser bem monitorada, tendo em vista a importância sistêmica desse mineral. Lembrando que a deficiência da vitamina D interfere diretamente na apropriada absorção de cálcio, o que prejudica a densidade mineral óssea, podendo levar à osteoporose. 

Outra vitamina importante é a B12, pois a privação desta vitamina pode levar a problemas neurológicos, perda de memória, depressão e doenças neurodegenerativas. Portanto, é importante prevenir essa deficiência, principalmente na terceira idade, que já apresenta maior vulnerabilidade.

Além dela, as vitaminas A, B2, B6, B9, vitamina C, D e E, e minerais como o selênio, são importantes de serem verificados e sua suplementação recomendada quando necessário.

Uma alimentação equilibrada, com ingestão calórica correta, adequada em nutrientes, com alta ingestão de fibras, certamente favorecerá a saúde e a longevidade com qualidade. 

Nutrigenética e longevidade

A Nutrigenética contribui muito para os profissionais que querem ter condutas nutricionais mais certeiras com seus pacientes. Isso porque os testes genéticos proporcionam um conhecimento mais detalhado das potencialidades do organismo de cada um. 

Aqui trazemos os principais genes a serem analisados pelos profissionais que trabalham especificamente com adultos e idosos.

ACTN3

O gene ACTN3 codifica uma proteína que faz parte da constituição das fibras musculares do tipo 2, de contração rápida. Logo, ele é associado à força muscular. Quando o genótipo está ligado à força, isso pode implicar em menor risco do desenvolvimento de sarcopenia, principalmente se o paciente é fisicamente ativo.

VDR

O gene VDR, indica se o indivíduo tem necessidades normais ou aumentadas para o consumo de vitamina D, o que ajuda a adequar seu consumo de forma mais individualizada para cada paciente.

WNT16

O gene WNT16, que está associado à densidade mineral óssea e também pode auxiliar no planejamento de consumo de cálcio, que é hiper-relevante para a saúde dos idosos, já que nessa fase os ossos ficam mais frágeis, havendo possibilidade de quedas, o que é ainda mais perigoso nessa fase da vida.  

FUT2

Outro gene relevante é o FUT2,  relacionado aos níveis séricos de vitamina B12 ou cobalamina, cuja deficiência se deve principalmente à sua má absorção no intestino, mas também ao pouco consumo de fontes de origem animal.

SOD2, CAT e GPX1

Um aspecto interessante para se investigar, são os polimorfismos do conjunto de genes responsáveis pela defesa antioxidante do organismo, já que o estresse oxidativo nessa idade pode estar mais intenso.

Assim, conseguimos apontar as quantidades adequadas de alimentos com potencial antioxidante para auxiliar na proteção do organismo, reforçando o sistema enzimático que combate o estresse oxidativo.

Por fim, para uma vida mais longa, saudável e feliz está nos hábitos de vida, com atitudes que evitam ou minimizam fatores desgastantes para o organismo, como o excesso de alimentos pouco nutritivos e a falta de nutrientes. 

Para isso, o controle do estresse, a prática consistente de atividades físicas, um sono de qualidade e uma nutrição balanceada são essenciais.

Logo, tendo um estilo de vida que priorize o cuidado com a saúde, podemos desfrutar o máximo do nosso tempo de vida com qualidade. 

Referências:

Patrício, K.P. O Segredo da Longevidade Segundo as Percepções dos Próprios Longevos. Ciência e Saúde Coletiva (2007/Jul).

Patrício. O Segredo da Longevidade Segundo as Percepções dos Próprios Longevos. Ciência e Saúde Coletiva, 2007.

Cuppari, Lilian. Nutrição Clínica no Adulto. Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar – Nutrição – Nutrição Clínica no Adulto – 3ª Ed. 2014

Cuppari. Nutrição Clínica no Adulto. Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar. 3ª ed., 2014.