As interações entre os fatores genéticos e o ambiente são fundamentais para o surgimento e desenvolvimento de inúmeras doenças. A alimentação desempenha um papel extremamente importante nesse cenário, já que é o modo pelo qual nutrimos as nossas células e tecidos.

Nas últimas décadas, temos passado por mudanças muito radicais não só na forma como a indústria alimentícia processa a maioria dos alimentos que consumimos diariamente, mas também na forma como nos alimentamos, como pessoalmente lidamos com a comida.

E isso gera um grande impacto em nossa qualidade de vida e na forma como individualmente respondemos ao que ingerimos, na forma como as informações contidas no DNA de cada um de nós influencia na resposta aos alimentos. 

Dessa forma, a compreensão da nutrigenômica e nutrigenética pelos profissionais da nutrição torna-se bastante significativa para o detalhamento da conduta alimentar mais adequada a cada pessoa.

Por este motivo, estamos trazendo indicações de um conjunto de artigos de revisão publicados em relevantes revistas científicas para que você se atualize e tenha uma ideia de como as coisas andam nessa área. Aproveite a leitura!

Artigos de Revisão em Nutrigenômica e Nutrigenética 

1. Translational Regulation in Nutrigenomics 

(Liu and Qian. Advances in Nutrition, 2011)

Este artigo faz parte de uma série de revisões sobre a temática “Nutrição e o Genoma”. Publicado pela revista da Sociedade Americana para a Nutrição, os autores abordam os aspectos moleculares que regem a regulação da expressão dos genes que mantêm o equilíbrio fisiológico celular, que é a própria definição de ‘nutrigenômica’.

Explica-se como a homeostase metabólica é regida pela sinalização de acordo com os nutrientes, que se ingeridos em excesso ou em quantidade limítrofe podem gerar distúrbios que predispõem a doenças.

Todo esse complexo é descrito de forma atualizada no artigo, com foco nas mudanças celulares relacionadas ao envelhecimento, câncer e distúrbios neurodegenerativos. Além disso, menciona os avanços tecnológicos que permitirão maior entendimento sobre a participação global dos genes na resposta aos nutrientes (e no aparecimento de doenças) para a elaboração de estratégias terapêuticas a partir da alimentação.

Confira aqui o artigo completo.

2. Nutrigenetics—personalized nutrition in obesity and cardiovascular diseases

(Barrea et al. International Journal of Obesity Supplements, 2020)

Esta revisão publicada pela revista do grupo Nature se concentra na explicação de fatores genéticos e ambientais que desencadeiam tanto a obesidade quanto doenças cardiovasculares (DCVs), responsáveis ​​por uma alta taxa de morbidade e de mortalidade de adultos no mundo.

O artigo versa sobre a alimentação como fator principal para prevenção e tratamento desses males, sem deixar de mencionar como a nutrigenética colabora, a partir do conhecimento dos polimorfismos, para predizer respostas do organismo aos nutrientes. 

Assim, aborda como as recomendações nutricionais personalizadas podem melhorar a saúde das pessoas, reforçando como o conhecimento da genética é capaz de oferecer esse suporte para intervenções alimentares eficazes na prevenção da obesidade e das DCVs.

Confira aqui o artigo completo.

3. Nutrigenomics: Definitions and Advances of This New Science

(Sales et al. Journal of Nutrition and Metabolism, 2014)

Os autores da revisão buscam explicar como os avanços na ciência, exemplificada como a conclusão do Projeto Genoma Humano, estimularam novas ideias sobre o efeito dos nutrientes e compostos bioativos na expressão gênica, e o impacto disso na saúde humana, dando origem ao termo ‘nutrigenômica’.

Avaliam que a descoberta das interações genes-nutrientes pode auxiliar na prescrição de uma alimentação mais personalizada, de acordo com os genótipos de cada indivíduo. Dessa forma, mitigam-se os sintomas de doenças existentes e previnem-se os desenvolvimentos de futuras doenças, em especial as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs), como câncer, obesidade e diabetes tipo II, consideradas um importante problema de saúde pública global.

Além disso, mostram que nutrigenômica e nutrigenética são realidades para a prática clínica, e que o acompanhamento profissional é essencial para avaliação e elaboração de um plano alimentar individual adequado e confiável. Mas o artigo é decisivo ao mencionar que o caráter dinâmico dessas áreas permitirá a revelação de novas informações que contribuirão para o entendimento cada vez mais completo da genética na nutrição.

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4. Precision Nutrition: A Review of Personalized Nutritional Approaches for the Prevention and Management of Metabolic Syndrome

(Toro-Mantín et al. Nutrients, 2017)

Aqui, os autores do artigo evidenciam o termo “nutrição de precisão” Segundo eles, vai além da personalização das condutas nutricionais. O conceito leva em conta não só a genética individual, mas também hábitos e comportamento alimentares, a prática de atividades físicas, a microbiota e o metaboloma (conjunto de todos os metabólitos que o organismo produz).

Ponderam que embora a nutrição personalizada baseada na identificação de variantes genéticas já esteja sendo realizada com sucesso, a nutrição de precisão, dada sua complexidade, ainda carece de tempo para ser implementada adequadamente. Os avanços nas pesquisas e os investimentos em tecnologia é que conseguirão reunir suficientes condições para que isso se torne realidade.

Retratam os benefícios desses avanços para o tratamento e prevenção da síndrome metabólica e da obesidade, sempre se pautando na importância da genética individual para a preparação de planos alimentares mais eficazes.

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5. Knowledge and Attitudes Towards Nutrigenetics: Findings from the 2019 Unified Forces Preventive Nutrition Conference (UFPN)

(Kaufman-Shriqui et al. Nutrients, 2020)

Este artigo não se trata de uma revisão da literatura científica, mas uma pesquisa sobre o conhecimento de nutrigenômica e nutrigenética a partir de perguntas direcionadas a participantes de uma conferência nacional de nutrição (17ª Conferência Anual de Nutrição Preventiva, em Israel).

Quanto aos resultados, a grande maioria dos quase 170 participantes declarou que a nutrição personalizada é importante para a prática clínica nutricional. O intrigante é que a esmagadora maioria também disse perceber certa defasagem no conhecimento sobre isso, e menos de 10% têm conhecimento da nutrigenética.

A conclusão é de que apesar da nutrição personalizada ser um campo em rápida expansão (com a incorporação de dados genéticos à prática clínica), e que os nutricionistas reconhecem a importância da nutrigenética, o conhecimento mais extenso dessa área é importante para que os profissionais consigam traduzir as informações genéticas em ações nutricionais mais efetivas.

Confira aqui o artigo completo.