Nunca antes a importância da adesão aos exercícios físicos foi tão disseminada, transformando em uma obrigação para a manutenção da saúde.

Logo, a importância da nutrição esportiva cresce para que a alimentação seja certa com a prática de atividade física que exige do nosso organismo.

Hoje em dia também se fala muito sobre a personalização das estratégias alimentares relacionadas à prática de exercícios físicos e esportes.

No entanto, com a individualização das condutas nutricionais mais específica, considera a genética de cada um a fim de melhorar sua composição corporal e performance. 

E aí, ficou curioso para saber mais sobre esse tema? Então acompanhe este artigo até o final! 

A importância da nutrição esportiva

Em primeiro lugar, sabemos como a nutrição tem influência direta sobre o desempenho físico, por essa razão, profissionais que se especializam na nutrição esportiva têm uma atenção especial para o tipo de esporte ou atividade física praticada, na frequência dos treinamentos, bem como em sua duração e intensidade. 

Dessa forma, você consegue ajustar as necessidades energéticas, proteicas, de vitaminas e minerais, uso de suplementos de acordo com a rotina, de cada um.

Seja um atleta amador ou em preparação para provas de alto rendimento.

Você profissional de nutrição que atua com nutrição esportiva conta com recomendações e diretrizes baseadas não apenas no tipo específico de exercício, mas com o estado de saúde atual de cada um.

O bom é que hoje temos estudos na área da genética, capazes de mostrar variantes que vão afetar a absorção e a metabolização de nutrientes.

Logo, conhecer os genes do seu paciente vai ajudar para uma modulação mais correta da dieta com maior impacto na performance do paciente.

Principais genes associados à nutrição esportiva

A abordagem baseada na nutrigenética, apesar de atual, já vem sendo utilizada há um bom tempo por nutricionistas e outros profissionais da área a fim de planejar a conduta nutricional a partir de características genéticas que requerem mudanças na alimentação, como sensibilidades e intolerâncias alimentares e necessidades de vitaminas.

Logo, trouxemos alguns genes com importante associação à prática e a nutrição esportiva.

Ainda que não sejam variações diretamente ligadas a características específicas de desempenho físico como força e potência muscular ou capacidade aeróbica,  por exemplo, as informações advindas dos genes podem ser relevantes para o bom desempenho e em capacidade de recuperação após o exercício físico. 

Gene CYP1A2: Metabolização de Cafeína 

Diversos estudos já demonstraram os efeitos ergogênicos da cafeína no esporte e seu papel na prática de exercícios.

Sua suplementação se mostrou eficaz em melhorar o desempenho, diminuindo a fadiga e melhorando a concentração.

Porém, a genética pode explicar porque há diferenças no rendimento entre diferentes pessoas que consomem a cafeína.

Portadores de polimorfismos no gene CYP1A2 – responsável pela codificação da principal enzima metabolizadora da cafeína – têm uma alteração na atividade enzimática que levam a prejuízos da sua metabolização, os chamados “metabolizadores lentos”.

Como resultado, quando ingerem uma quantidade maior de alimentos fontes de cafeína podem apresentar alguns sintomas como:

  • aumento dos batimentos cardíacos
  • ansiedade, dificuldade para dormir
  • riscos cardiovasculares.

Sabendo disso, quando temos essa informação genética do paciente, podemos evitar sintomas e controlar a ingestão de cafeína para não comprometer seu rendimento no esporte.

Por outro lado, os metabolizadores rápidos podem experimentar os benefícios da cafeína para melhorar sua prática desportiva.

Gene MTHFR: Metabolização de Vitamina B

Outro gene importante na nutrição esportiva é o MTHFR, pois as vitaminas do complexo B também fazem muita diferença no cenário esportivo.

Variações no gene MTHFR podem comprometer o aproveitamento e metabolização da vitamina B9 (principalmente), sendo ligadas à diminuição dos níveis séricos de folato, bem como um aumento dos níveis de homocisteína plasmática, que é um fator de risco para doenças cardiovasculares, principalmente quando tem uma dieta baixa em fontes dessa vitamina. 

Atletas e indivíduos ativos que trazem informações genéticas de necessidade aumentada para ácido fólico, podem ter um risco maior de metabolismo muscular deficitário, e redução significativa da sua capacidade aeróbia, além do risco de desenvolvimento de anemia megaloblástica e hiperhomocisteinemia, que também trazem diversos prejuízos para o desempenho físico.

Ômega-3, Estresse Oxidativo e Inflamação

O exercício físico por si só já é capaz de aumentar a concentração de espécies reativas de oxigênio (EROS), as quais têm poder oxidativo.

Esse é um processo fisiológico da resposta adaptativa ao exercício, sendo também muito importante para tal.

O mesmo acontece com marcadores inflamatórios que são liberados naturalmente em resposta à atividade física.

No entanto, quando o estresse oxidativo e a resposta inflamatória são demais e o organismo não segura esses processos, tem prejuízos na recuperação e desempenho físico.

Sabendo disso, podemos identificar certos polimorfismos no DNA que irão contribuir para identificar indivíduos que possuem uma necessidade maior de alimentos antioxidantes e anti-inflamatórios

Genes como CAT, SOD2, IL6, TNF e FADS1 (este último inferindo a necessidade de ômega 3, que tem potencial anti-inflamatório), são importantes para esta avaliação.

Conhecendo as variantes genéticas que seu paciente carrega, as estratégias nutricionais e de suplementação podem ser melhor direcionadas. 

Gene VDR: Receptor de Vitamina D 

Sabendo do papel importante que a vitamina D desempenha no organismo, como na saúde óssea e imunidade, por exemplo, níveis séricos abaixo do recomendado serão um prejuízo para um bom rendimento no exercício físico.

Polimorfismos no gene receptor de vitamina D (gene VDR), nos trazem informações importantes sobre as necessidades dessa vitamina para cada pessoa, ou seja, o risco de ter uma deficiência também poderá ser inferida.

Em pessoas que tem o polimorfismo de risco esses níveis devem ser vistos de perto, assim como a necessidade de suplementação da vitamina a fim de evitar prejuízos ao desempenho esportivo.

Genes FTO, MC4R, TCF7L2 e APOA2: Acúmulo de gordura corporal 

Dependendo da modalidade de exercício ou de esporte, a composição corporal e o peso do atleta influenciam seu treino.

Pessoas que praticam exercício, na maioria das vezes, também têm em comum o objetivo de redução de gordura e aumento da massa muscular, o que trás melhoria nos treinos físicos. 

Os genes FTO e MC4R, bem como TCF7L2 e APOA2 estão relacionados com uma maior predisposição ao aumento de peso e gordura corporal.

Dessa forma, pode identificar pessoas com uma genética não favorável para que se possa adaptar as estratégias nutricionais e melhorar sua composição corporal, com foco na perda de gordura. 

A nutrição esportiva no consultório

Por fim, é importante falar que os genes ligados à nutrição esportiva falados são alguns dos mais estudados e pesquisados.

Podem ajudar para uma avaliação focada no melhor desempenho esportivo e saúde de atletas, sejam eles amadores, de alto rendimento ou somente praticantes de atividades físicas. 

Além dos genes listados, outros marcadores genéticos ligados à metabolização e absorção de nutrientes serão importantes, assim como genes para desempenho esportivo.

Cabe ao profissional habilitado identificar as necessidades do seu público, analisar todas as variantes importantes para o desempenho esportivo, e assim definir o caminho a ser seguido para cada um de seus pacientes.

Referências bibliográficas

Guest NS, Horne J, Vanderhout SM and El-Sohemy A. Sport Nutrigenomics: Personalized Nutrition for Athletic Performance. 2019. Front. Nutr. 6:8. doi: 10.3389/fnut.2019.00008.