Uma alimentação adequada é essencial para que atletas consigam atingir o ápice de suas potencialidades físicas. A nutrição esportiva, portanto, é fator chave para isso. 

E para jogadores de futebol isso não é diferente! 

Porém, há que se adequar a dieta de acordo com cada organismo para que a adequação nutricional seja plena.

E isso, nós conseguimos vendo o DNA de cada atleta, ou seja, dará as informações necessárias para direcionar uma dieta personalizada.

E é isso que a nossa parceira Thais Verdi, especialista no assunto, veio explicar neste artigo. 

Nutrição esportiva e futebol

Primeiramente, o futebol envolve exercícios intermitentes de intensidade variável.

Aproximadamente 88% de uma partida envolve atividades aeróbias e 12% atividades anaeróbias de alta intensidade.

Além disso, ainda tem a qualidade do adversário e a importância do jogo influenciando no gasto energético, que é alto.

Em suma, estima-se que um jogador de futebol gaste em torno de 1.360 kcal por partida. 

Logo, é muito importante ter cuidado com os estoques de energia antes do jogo, o que é refletido pelos níveis de glicogênio muscular.

Para se ter uma ideia, durante a partida as reservas de glicogênio variam de 20% a 90%.

Obviamente, quanto mais se gasta energia, mais o glicogênio é mobilizado.

E isso depende da intensidade do esforço (que tem relação direta com a posição e a tática de jogo), da temperatura do ambiente no momento, e da composição da dieta pré-partida.

A desidratação e a hipertermia são aceleradoras do consumo de glicogênio, podendo gerar  fadiga muscular.

E isso se torna mais perceptível no segundo tempo, quando o atleta evita sprints, caminha mais do que corre, e reduz a distância percorrida.

Aliás, os jogadores de futebol estão ainda sob risco constante de desenvolver deficiências nutricionais de micronutrientes pela oxidação excessiva dos mesmos.

Também contam o desgaste nos músculos, as perdas intestinais, a sudorese intensa, as viagens constantes com mudanças de horários, e as dietas desajustadas para suas necessidades.

Diante disso, a principal preocupação é a ingestão inadequada de micronutrientes, principalmente com alto consumo de proteínas e gorduras, e baixo consumo de carboidratos.

Desta forma, a importância da orientação de um especialista em nutrição esportiva é muito importante para desenvolver atletas de alta performance.

Ainda mais se o(a) profissional tem o conhecimento da genética do(a) atleta, o que permite abordagens mais direcionadas a cada um(a).

Genética e Nutrição para atletas de futebol

A performance atlética é geralmente considerada uma característica complexa e multifatorial sendo influenciada por vários fatores, dentre eles os genéticos e os ambientais.

E cada atleta tem suas especificidades fisiológicas, o que dá a capacidade para que consiga obter seus resultados.

Certas variações no DNA podem influenciar a expressão de genes, levando à modificação de características que impactam a performance esportiva.

Pensando no aspecto nutricional, cada atleta tem suas próprias demandas metabólicas, que são influenciadas pelos seus genes.

Na nutrição esportiva, levando em conta o futebol, um dos objetivo é ter uma alimentação que minimize os efeitos de uma inflamação sistêmica produzida pelos exercícios.

Os genes que se destacam nesse caso são o TNF-A, o IL-6 e o CRP, que estão envolvidos com uma resposta inflamatória maior no organismo.

Do mesmo modo, isso pode gerar prejuízos na performance, como a fadiga durante o treino, baixa recuperação pós-treino e aumento de infecções do trato respiratório superior.

Atenção aos genes!

Já os genes SOD2, CAT e GPX1 indicam a necessidade de antioxidantes, visto que estes genes estão envolvidos na capacidade de neutralizar os radicais livres, bem como outros metabólitos tóxicos produzidos durante os treinos e jogos. 

Todos estes genes influenciam na conduta alimentar, visando timing de nutrientes, com dieta rica em antioxidantes como: polifenóis (uvas, açaí, beterraba, mirtilos) e cúrcuma, que são importantes moduladores dos genes na resposta da inflamação sistêmica.

Além disso, é importante a avaliação da necessidade de micronutrientes como a vitamina A (gene BCMO1), C (genes GSTM1, GSTT1 e SLC23A1), D (VDR), E (APOA5) e complexo B principalmente B6 (gene NBPF3 e B12 (gene FUT2), ômega-3 (gene FADS1), Selênio (gene GPX1)

A necessidade aumentada de algum ou alguns desses nutrientes geram reflexos metabólicos, especialmente porque eles atuam na modulação de genes relacionados à proteção contra os efeitos do estresse oxidativo.

Certas vezes, é recomendada a suplementação.

Também é importante se atentar na periodização nutricional no futebol, durante o pré e pós-treino bem como intra-treino.

Por exemplo!

Em um pré-treino combinar suco de beterraba com gengibre e cúrcuma, que contém polifenóis, antioxidantes  e nitrato, que tendem a reduzir a fadiga, o cansaço e a regular a energia durante os exercícios.

No pós-treino, uma boa ideia é a alimentação rica em proteínas e leucina, eficientes para reparação e construção celular.

Combinada a uma alimentação antiinflamatória (com gengibre, cúrcuma, ervas frescas, sementes de girassol), ajuda diminuir os efeitos dos radicais livres que trazem danos celulares após os esforços físicos feitos. 

Com estratégia (timing de nutrientes e periodização nutricional ideal) e com acompanhamento nutricional, melhora o desempenho físico e a recuperação pós-treino.

Em síntese, especialmente se conhecemos a genética do atleta.

A elaboração de dietas com macro e micronutrientes de forma precisa, assertiva e individualizada para cada atleta, é a chave para modular sua resposta aos treinos físicos visando o alto rendimento esportivo.

Por fim, os genes têm papel fundamental neste jogo.

Referências

Massidda et al. Genetic markers and explosive leg-muscle strength in elite Italian soccer players. The Journal of Sports Medicine and Physical Fitness, 2012. 

Gomez-Gallego et al. The C allele of the AGT Met235Thr polymorphism is associated with power sports performance. Applied Physiology, Nutrition, and Metabolism, 2009. 

MacArthur and North. A gene for speed? The evolution and function of alpha actinin-3. Bioessays, 2004.

Norman et al. Regulation of skeletal muscle ATP catabolism by AMPD1 genotype during sprint exercise in asymptomatic subjects. Journal of Applied Physiology, 2001.

Shephard. Biology and medicine of soccer: an update. Journal of Sports Sciences, 1999.