A frase é bem conhecida: “fulano é magro de ruim”.

Mas será que ela faz sentido?

Será mesmo que alguém pode ter mais propensão a comer e não ganhar peso?

A verdade é que na prática isso é olhado, pois tem muitas pessoas que acabam tendo a feliz “dádiva” de comer, comer e comer, e não ver seu peso aumentar.

Você quer saber por que isso acontece? Então não deixe de seguir este artigo.

Por que existem pessoas que comem muito e não engordam?

Para responder a essa questão, há alguns fatores que precisam ser ponderados e avaliados, como o comportamento alimentar, a frequência da prática de atividades físicas e também a genética.

Com certeza junto à frase “magro de ruim” você também já ouviu a expressão: “Ah, mas a genética do fulano que é assim.”

E ainda que tenha a força da expressão popular de que a “culpa é da genética”, não há como negar que certas “crendices” têm seus fundamentos.

Mas, vamos analisar de perto esses aspectos:

1. Se alguém tem por hábito comer muito, um ponto importante a ser considerado é: o que essa pessoa come? Do que ela se alimenta? 

Pode ser que o consumo alimentar dela seja realmente alto, mas se as escolhas compreenderem alimentos saudáveis (por exemplo: mais hortaliças, frutas, ou mesmo fibras e proteínas de boa qualidade), por maior que seja o consumo, talvez isso não seja suficiente para que haja ganho de peso. Especialmente se for alguém com um metabolismo mais acelerado.

Isso porque alimentos assim são, na maioria das vezes, excelentes fontes de fitoquímicos, que nada mais são do que agentes antiinflamatórios.

E quanto menor o nível de inflamação do organismo, menor propensão ao ganho de peso.

2. E qual a regularidade na realização de atividades físicas?

Quanto maior for a intensidade e a frequência dos exercícios físicos, maiores são as chances de que todo o excesso alimentar não seja traduzido em gorduras corporais armazenadas.

Mas é importante salientar aqui: o acompanhamento com um profissional qualificado, como um educador físico, certamente indicará quais tipos de exercícios são melhores, bem como qual a intensidade e regularidade adequadas para cada pessoa.

3. Mas o lado emocional, ele realmente conta? As emoções estão, sim, diretamente ligadas à alimentação.

Pensar em emagrecimento ou ganho de peso sem pensar em fatores comportamentais, que são ditados pelos fatores emocionais, é o mesmo que pensar em ganhar massa muscular sem praticar atividade física: não tem sentido!

Pode ser que a leveza e a tranquilidade do ato de comer sejam tão importantes para uma pessoa que isso se traduz na manutenção do seu peso corporal, por mais que ela coma.

Mas isso é possível? Claro que sim!

Quem come com “culpa” tem aumento de cortisol, um hormônio inflamatório que é conhecido por gerar estresse e acúmulo de gordura.

Ou seja, quem come com prazer, apreciando os alimentos, e sem peso na consciência, tem bem menos chances de ter sua gordura corporal aumentada.

4. E a Genética? Qual a sua relevância nisso tudo?

Até aqui falamos de vários aspectos sem ainda considerarmos a genética, o que mostra que mesmo que a genética não propicie essa maior facilidade de comer e não engordar, muitas explicações ambientais, sociais e psicológicas podem ser suficientes.

Mas olhando de perto os fatores genéticos, há sim comprovação de que os genes têm influência sobre o comportamento alimentar e distribuição corporal em algumas pessoas.

A pessoa considerado “magro de ruim” pode parecer e na verdade não ser. 

O que a genética individual pode de fato propiciar não é apenas uma maior (ou menor) compulsividade alimentar, como também diferenças na facilidade de armazenamento de gordura corporal. 

Mas como assim?

Você pode pensar que esse alguém que come demais é magro, mas a verdade é que isso pode ser só aparência!

O percentual de gordura em casos assim pode ser muito alto, ou seja, a pessoa parece ser magra aos olhos, mas a composição corporal tem mais gordura do que o normal.

Um polimorfismo no gene FTO (Fat Mass And Obesity Associated), por exemplo, está relacionado ao maior acúmulo de gordura corporal.

Pessoas com esse polimorfismo tendem a armazenar gordura, mas não necessariamente precisam “parecer” acima do peso.

Muitas pessoas são surpreendidas com seus resultados de testes genéticos que mostram polimorfismo nesse gene mesmo não estando acima do peso ou tendo problemas com ele durante alguma fase da vida.

E isso é totalmente justificável pelo fato da alteração genética não ser traduzida como necessidade de parecer obeso, mas sim ser obeso em sua distribuição corporal.

E sabe o que mais esse polimorfismo ocasiona?

Propensão à compulsividade alimentar.

Ou seja, temos a explicação perfeita para o indivíduo que come bastante e “parece” não estar com excesso de peso.

Portanto, há sim os que comem e não juntam gordura, e há os que comem e acumulam gordura.

A diferença nesse último caso é que não percebemos visualmente, mas apenas com a realização de avaliações físicas e bioquímicas.

Então é possível ter pessoas considerados “magros de ruim”?!

Sim, é possível, assim como também é possível existirem também os “magros de fato”.

E como tudo nessa vida, a explicação para isso pode estar no dia a dia, mas também no DNA.

Vanessa Gama

Nutricionista formada pela UFRJ
Coach nutricional
Pós graduada em Nutrigenética e Nutrigenômica
Especializada em Emagrecimento baseado em Nutrição Genética e comportamental.
Eleita melhor nutricionista na cidade do Rio de Janeiro em sua área de atuação, indicada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública (INBRAP).