Gene: TNF-A (rs1800629)
Nome: Fator de Necrose Tumoral Alfa (TNF-A)
Função: este gene é responsável por uma citocina pró-inflamatória, ou seja, uma substância liberada por células de defesa que estimula a liberação de uma série de outras moléculas que causam inflamação. No caso de exercícios físicos, quando a resposta inflamatória é mais acentuada, a reabilitação dos músculos após os treinos não acontece de maneira adequada, havendo também maior chance de ocorrerem lesões.
Possíveis genótipos para o gene TNF-A
A/A e A/G
Genótipos relacionados à maior produção dessa citocina, gerando menor recuperação pós-treino, e maior risco de desenvolvimento de lesões.
G/G
Genótipo relacionado à produção normal dessa citocina, tendo como desfecho melhor recuperação pós-treino e menor risco de lesão em comparação aos demais genótipos (A/A e A/G).
Gene: IL-6 (rs1800795)
Nome: Interleucina 6
Função: esse gene também codifica uma citocina pró-inflamatória que provoca inflamação sistêmica aguda e crônica, influenciando negativamente a recuperação do organismo e a perda de peso. A IL-6 é produzida em resposta a algum trauma ou lesão, mas também quando há repetidas contrações musculares. Sua produção mais acentuada dificulta a recuperação e expõe o organismo ao perigo de lesões.
Possíveis genótipos para o gene IL-6
G/G e C/G
Estes genótipos indicam maior produção de IL-6, trazendo maior dificuldade de recuperação muscular pós-treino, e maior risco de lesão.
C/C
Este genótipo está relacionado a uma produção normal de IL-6, promovendo melhor recuperação muscular pós-treino, e risco normal (ou não aumentado) à lesão.
Gene: CRP (rs1205)
Nome: Proteína C Reativa
Função: este gene codifica um importante marcador inflamatório, a CRP (ou PCR), produzida no fígado e cuja ação afeta a recuperação do organismo depois das atividades físicas. Quanto maior a quantidade de PCR produzida (na fase aguda da resposta inflamatória), maior a inflamação e maior a dificuldade que o organismo tem para se recuperar. Inflamações mais intensas ou de longa duração, que causem a liberação maior e contínua de CRP, têm efeito na perda de material ósseo e de massa muscular, além de predisporem a doenças cardiovasculares.
Possíveis genótipos para o gene CRP
C/C e C/T
Estes genótipos estão associados a uma produção de CRP aumentada, levando à redução de performance física e aumentando a necessidade de maior tempo de recuperação após os exercícios, além de inferir maior risco de lesões.
T/T
Este genótipo indica produção normal de CRP, predispondo a uma melhor performance física, tempo menor para recuperação após os exercícios, e inferindo um risco normal a lesões.
Genes TNF-A, Il-6 e CRP e os processos inflamatórios na recuperação pós-treino e desenvolvimento de lesões
Durante os exercícios físicos, as contrações dos músculos causam microlesões em suas fibras. Junto a isso, os desgastes de articulações e tendões ocasionados durante o movimento levam ao estímulo de respostas inflamatórias locais, que perduram mesmo após a realização dos treinos.
Para que esse processo ocorra são produzidas citocinas pró-inflamatórias, dentre elas o TNF-A e a IL-6, que levam à produção da CRP, sendo que essas moléculas são produzidas por três genes que levam esses mesmos nomes.
O que acontece é que certos polimorfismos nesses genes podem predispor ao aumento da produção dessas moléculas, o que tem um efeito relevante na recuperação do organismo, já que um excedente inflamatório impede o restabelecimento adequado dos tecidos e estruturas acionados durante os exercícios. Além disso, essa resposta inflamatória mais acentuada tende a gerar lesões teciduais, que aparecem
Curiosamente, o treinamento físico planejado e contínuo (com alta frequência) pode melhorar o potencial de resposta anti-inflamatória do organismo a longo prazo. Uma das explicações para isso se deve à ação da IL-6.
Apesar da interleucina 6 desempenhar papel inflamatório, contribuindo para a predisposição a lesões (especialmente as musculares, podendo assim levar a lesões de ligamentos), estudos com atletas de alto rendimento mostram que é possível uma mudança da sua atuação, deixando de ser pró-inflamatória, e passando a ser anti-inflamatória.
É importante ressaltar que esta mudança se deve à combinação de basicamente 3 fatores: treinamentos organizados e sistematizados, realizados com frequência mínima de 5 vezes por semana; alimentação saudável; e descanso adequado, com 7 a 9 horas contínuas de sono, mantendo uma rotina de horários.
Nota: a recuperação pós-treino pode ser inferida por uma série de genes que, além do TNF-A, IL-6 e CRP, inclui SOD2, GSTM1 e GSTT1. O mesmo vale para o risco de lesão que também conta com os genes: COL5A1, MMP3, SOD2 e GDF5.
Referências
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