Gene: SOD2 (rs4880)
Nome: Superóxido dismutase-2
Função: o gene SOD2 é encarregado pela síntese da uma enzima mitocondrial que transforma compostos nocivos, como os radicais livres (ânion superóxido), em peróxido de hidrogênio (H2O2), uma substância também tóxica à célula. Acontece que polimorfismos neste gene podem modificar a atividade da enzima, tendo assim um efeito na capacidade antioxidante do organismo, o que impacta no potencial de recuperação pós-treino e no desenvolvimento de lesões decorrentes dos exercícios físicos.
Possíveis genótipos para o gene SOD2
T/T
Pessoas com esse genótipo têm atividade enzimática menor, levando a um menor potencial de recuperação pós-atividade física e maior risco de lesão.
C/C e T/C
Pessoas com este genótipo têm atividade enzimática maior, levando a um maior potencial de recuperação pós-atividade física e risco normal de lesão.
Gene SOD2, recuperação física e lesões
Nosso organismo é dotado de sistemas que removem elementos tóxicos que advém tanto do ambiente quanto do metabolismo celular, sendo um deles o sistema antioxidante (que combate o estresse oxidativo), do qual a enzima codificada pelo gene SOD2 faz parte.
Acontece que essa enzima pode ter maior ou menor atividade, de acordo com o polimorfismo encontrado no gene, o que leva à reação contra compostos tóxicos de maneira mais ou menos intensa.
No entanto, a maior atividade enzimática de SOD2 pode fazer com que o ambiente celular se torne tóxico, pois produz o peróxido de hidrogênio (H2O2), que também provoca danos celulares. Uma vez sendo produzido em excesso pela alta atividade da enzima SOD2, esse composto pode predispor o organismo a certas doenças.
Nesse caso, o maior consumo de alimentos ou suplementos antioxidantes podem trazer resultados benéficos para o organismo de portadores do polimorfismo de risco.
Por outro lado, durante a prática de atividades físicas, o estresse oxidativo (ou a produção de radicais livres) acontece naturalmente de forma mais exacerbada como resultado do metabolismo e de danos das células musculares. Porém, isso acarreta redução de performance, fadiga e expõe os músculos trabalhados a lesões.
Acontece que pesquisas envolvendo atletas mostraram que o organismo ao realizar treinamentos frequentes e moderados (em especial de resistência física) desenvolvem adaptações do sistema enzimático que permitem uma melhor recuperação ao estresse oxidativo.
E isso ocorre principalmente em indivíduos que carregam a versão rápida da enzima SOD2, ou seja, os portadores do alelo C (portadores dos genótipos C/C e C/T). Dessa forma, pessoas com esses genótipos podem necessitar de menos tempo de recuperação e correm menor risco de lesão muscular que indivíduos com o genótipo T/T.
No entanto, outros genes da cascata de eliminação de radicais livres devem ser analisados para uma completa avaliação do efeito do estresse oxidativo sobre os tecidos. Os genes CAT e GPX1 são essenciais nesse processo, pois codificam respectivamente a Catalase e a Glutationa Peroxidase, enzimas que fazem a quebra do H2O2 em água (H2O) e oxigênio (O2), eliminando, assim, sua toxicidade.
REFERÊNCIAS:
Sutton et al. The manganese superoxide dismutase Ala16Val dimorphism modulates both mitochondrial import and mRNA stability. Pharmacogenetics and Genomics, 2005.
Tong et al. Functional polymorphism in manganese superoxide dismutase and antioxidant status: Their interactions on the risk of cervical intraepithelial neoplasia and cervical cancer. Gynecologic Oncology, 2009.
Ahmetov et al. SOD2 gene polymorphism and muscle damage markers in elite athletes. Free Radical Research, 2014.
Alachkar et al. Expression and polymorphism (rs4880) of mitochondrial superoxide dismutase (SOD2) and asparaginase induced hepatotoxicity in adult patients with acute lymphoblastic leukemia. The Pharmacogenomics Journal, 2017.
Jówkoa et al. SOD2 gene polymorphism may modulate biochemical responses to a 12-week swimming training. Free Radical Biology and Medicine, 2017.