Estudos comprovam que atualmente 90% da população sofre com problemas de estresse prolongado, interferindo negativamente na saúde e na qualidade de vida. No campo da genética e da nutrigenética, o gene COMT e o estresse estão diretamente relacionados.

O estresse nada mais é que um sistema de defesa do nosso organismo que entra em ação quando enfrentamos situações de perigo.

Porém, hoje em dia, ele se transformou em indicativo de excesso de trabalho, de pressão na vida social, de autocobrança na vida pessoal, etc.

E isso afeta diretamente o que pensamos, como agimos, enfim, no nosso estilo de vida.

Na genética, variações no gene COMT indicam respostas melhores ou piores do corpo humano em relação a estas situações.

Confira neste post em detalhe como o gene COMT se relaciona com o estresse e como isso pode influenciar nas necessidades nutricionais do seu paciente.

O estresse na atualidade

A princípio, antes de falarmos sobre o gene COMT e a sua relação com o estresse, cabe uma breve introdução sobre o tema e sua relação com os dias de hoje.

Há muitos anos, nossos antepassados estavam constantemente expostos ao risco de serem devorados por outros animais, ou atacados por toda sorte de animais venenosos.

Assim, para proteção diante dessas ameaças, o estresse surgiu como uma resposta natural do corpo humano, incitando o medo, a fuga, o escape dessas situações de ameaça à vida.

Em suma, o estresse manifesta uma resposta natural que, através de uma descarga de adrenalina, desencadeia uma série de mudanças no nosso organismo e nos prepara para agir imediatamente em situações de sobrevivência.

Hoje em dia, não precisamos mais nos preocupar com os perigos com os quais nossos antepassados se depararam.

Mas atualmente um dos principais agentes causadores dessas situações é o estresse ocupacional, que é aquele causado por uma rotina excessiva de trabalho, cobranças exageradas, monotonia, convívio em ambiente ruim, e incompatibilidade entre as vontades pessoais com as atividades desenvolvidas no trabalho cotidiano.

O problema é que o estresse constante e excessivo é nocivo à saúde.

Existem estudos apontando o estresse excessivo como causador de ansiedade, depressão, uso de drogas, alcoolismo, e quadros graves de doenças cardíacas, podendo levar até à morte nestes casos.

O gene COMT

O gene COMT é responsável pela enzima Catecol-O-Metiltransferase, que age na degradação de enzimas do grupo das catecolaminas como a dopamina e a noradrenalina, por exemplo, afetando suas sinalizações no córtex pré-frontal, local do cérebro onde é sinalizado o estresse agudo.

Algumas pessoas possuem certas variações genéticas no gene COMT, as quais podem indicar reações mais ou menos intensas ao estresse, influenciando na capacidade cognitiva, nas relações interpessoais e nas suas necessidades nutricionais.

Aqueles que possuem genótipos de risco para este gene, podem sofrer de quadros de estresse prolongado levando então ao desenvolvimento das doenças e problemas já mencionados: ansiedade, problemas cardíacos, irritação, diminuição da qualidade do sono, da alimentação e metabolização de vitaminas, nutrientes e minerais, dentre outros.

E esses fatores impactam diretamente nas respostas aos diferentes estímulos alimentares.

A análise do gene COMT é feita a partir de um exame nutrigenético, que avalia (dentre várias características) a reação ao estresse.

Neste exame é feito um mapeamento genético do paciente e informado se este apresenta o genótipo de risco no gene COMT.

O estresse e o corpo humano

As alterações fisiológicas que ocorrem do estresse influenciam na homeostase, o que faz com que nosso organismo necessite de um pouco mais de esforço para manter-se em equilíbrio.

Assim, na tentativa de alcançar equilíbrio, nosso corpo passa por algumas alterações neurais, hormonais e celulares envolvendo diversos órgãos.

Mesmo sendo um mecanismo de defesa, o estresse pode oferecer risco a nossa saúde.

Seu modo de ação é extremamente abrangente e, em situações de estresse prolongado, algumas das funções fisiológicas sofrem sobrecarga levando a quadros clínicos graves, como gastrite, e desregulação da pressão arterial e da glicemia. 

Como atenuar os efeitos causados pela influência do gene COMT no estresse?

As causas do estresse, bem como os problemas causados por ele, tem sido alvo de estudos há um bom tempo.

Sendo assim, várias estratégias de como tratar o estresse, e evitar respostas mais intensas, já foram descobertas.

Evitar o estresse pode ser praticamente impossível para a maioria das pessoas, mas a diminuição do seu impacto no organismo, bem como a forma como ele influenciará no estilo de vida, podem ser contornados.

Tudo isso é possível com uma simples mudança de hábitos, veja alguns deles:

Melhora na alimentação

Alimentos que melhoram a atividade cognitiva e atenção são essenciais no combate ao estresse.

Do mesmo modo, o consumo de alimentos ricos em antioxidantes, vitaminas do complexo B, selênio e ômega-3 é importante.

Confira alguns alimentos que melhoram a resposta ao stress: brócolis, espinafre, rúcula, couve, azeite de oliva, oleaginosas (castanhas, amêndoas, nozes), gergelim, peixes.

Atividades físicas

A prática de atividade física ajuda na qualidade do sistema cardiovascular, sistema diretamente afetado pelo estresse contínuo.

Além disso, após o término da atividade ocorre a liberação da endorfina, hormônio relacionado ao relaxamento que ajuda na diminuição do estresse.

Melhora do ciclo circadiano

O ciclo circadiano é responsável por regular vários processos fisiológico que ocorrem no período de 24 horas.

Assim, ficar irritadiço e sonolento durante o dia significa que provavelmente o ciclo não está adequado às necessidades do corpo.

Por fim, neste caso, procure fazer melhor os horários de dormir e tenha uma rotina.