A depressão é uma doença psiquiátrica muito frequente em nossa sociedade. Segundo registros do o Sistema Único de Saúde (SUS), entre 2015 e 2018 houve um aumento de 52% nos atendimentos e internações ligados à doença. Ainda assim, o que se tem notado é que a relação entre depressão e alimentação é maior do que se imaginava.
Em síntese, especialistas da área começaram a entender a importância da alimentação para a saúde mental.
Sabendo disso, já é possível tratar muitos pacientes que sofrem com o transtorno ajustando o modo como se alimentam.
Mas você sabe como e quais alimentos podem ajudar a diminuir os sintomas da doença?
Então continue conosco que neste artigo vamos te explicar como a nutrição pode ser coadjuvante no tratamento da depressão.
O que é a depressão?
Em primeiro lugar, a depressão é uma doença crônica e multifatorial cada vez mais comum. Suas causas estão ligadas a fatores genéticos (em até 30 a 40%) e a ambientes de estresse físico ou emocional intenso.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), aproximadamente 280 milhões de pessoas no mundo são afetadas pelo transtorno.
Conforme dados levantados pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), com a pandemia da COVID-19 houve um aumento de 25% da doença no mundo.
O que já tinha uma incidência alta teve, portanto, um aumento considerável.
A causa da depressão está relacionada à redução de neurotransmissores, como serotonina, norepinefrina e dopamina, alterações hormonais, aumento de citocinas pró-inflamatórias e de leucócitos circulantes.
Mas fatores externos e o meio onde se vive podem ser gatilhos da patologia.
Os sinais da doença envolvem a sensação de tristeza e angústia excessiva, que pode perdurar por muito tempo, causando perda de interesse em atividades diárias que antes costumavam dar prazer.
Os demais sintomas envolvem:
- lentidão no raciocínio
- falta de concentração
- além de pensamentos comuns de culpa
Já os sintomas físicos incluem:
- perda do apetite e da libido
- sensação de cansaço
- falta de energia
- distúrbios do sono
- vontade de falar pouco e de chorar de forma abundante (às vezes sem motivo)
O diagnóstico deve ser realizado por um profissional de saúde mental (geralmente um psiquiatra), mas outros profissionais de saúde podem reconhecer os principais sintomas e levar até especialistas.
Geralmente o distúrbio tem como base de tratamento o uso de psicofármacos aliado à psicoterapia. Mas tem sido notado que a depressão e alimentação podem ter tudo a ver.
Qual a relação entre depressão e alimentação?
Quando falamos de saúde mental, a dieta é parte fundamental do desenvolvimento de um ambiente favorável ou desfavorável para a evolução do quadro depressivo.
Por isso, o estilo de vida é tão relevante!
A dieta não irá substituir medicamentos prescritos e o acompanhamento de um profissional adequado. No entanto, é importante entender que as escolhas alimentares irão interferir nas funções cerebrais e na saúde mental.
A psiquiatria nutricional é uma área em crescimento, que busca entender como a dieta e a suplementação de nutrientes conseguem interferir nas vias neurobiológicas.
Primeiramente, em 2015, a Sociedade Internacional de Pesquisa em Psiquiatria Nutricional definiu como nutrientes relevantes no combate da depressão: o ômega-3, as vitaminas do complexo B, a S-adenosilmetionina, o triptofano, o magnésio e o zinco.
Além destes nutrientes, levando em conta a ligação entre cérebro e intestino, sabe-se que o intestino saudável é o ambiente ideal para absorção ideal de nutrientes essenciais, e para produção de neurotransmissores importantes, como a serotonina.
Para isso, os prebióticos e probióticos também têm se mostrado eficientes, quando complementares ao tratamento tradicional. A atuação deles é na microbiota intestinal, favorecendo o aumento das bactérias benéficas e desfavorecendo a proliferação das impróprias.
Depressão e nutrição
A base para uma dieta saudável é composta por alimentos in natura, como frutas, verduras, legumes, sementes, castanhas, cereais integrais, leguminosas, carnes e lácteos.
Nesse sentido, vamos mostrar melhor quais alimentos são úteis na direção nutricional do paciente com depressão.
Por último, frutas como a banana, o mamão, o abacate, e as frutas cítricas, possuem compostos importantes que ajudam na diminuição dos sintomas.
Além de nutritivas, elas fazem parte de uma dieta rica em antioxidantes, que é favorável à redução dos níveis de cortisol, ajudando na regulação hormonal do estresse.
A expressão cerebral de citocinas pró-inflamatórias como IL-6 e TNF-alfa é diminuída pela suplementação do ácido eicosapentaenóico (EPA) e do ácido docosahexaenóico (DHA) presentes no ômega-3, sendo que a baixa de DHA é relacionada ao aumento plasmático de cortisol, o famoso hormônio do stress. E isso ajuda a aliviar os sintomas.
Por serem ricos em ômega-3, os peixes são, portanto, uma das fontes de proteínas mais indicadas para combater a depressão. Dentre eles, podemos tomar como exemplo:
- sardinha
- atum
- tilápia
- bacalhau
- linguado
Dessa forma, outro nutriente importante é o triptofano, um aminoácido usado na produção de niacina, que, por sua vez, atua na geração de serotonina. Este neurotransmissor é um estabilizador natural do humor, e para potencializar sua produção orgânica, pode-se incluir mais fontes de triptofano na alimentação.
Exemplos de alimentos ricos em triptofano incluem:
- frango
- peixes
- ovos
- feijões
- grão de bico
- lentilha
- banana
- aveia
- sementes (linhaça, chia, abóbora)
- amendoim
- castanhas
- cereais integrais
- alimentos a base de soja (tofu, por exemplo)
Além disso, algumas ervas naturais também estão sendo coadjuvantes no tratamento da depressão.
A partir de infusões, ou seja, elas podem ajudar a diminuir os sintomas. Exemplos de infusões mais indicadas são:
- camomila
- lavanda
- melissa
- passiflora
- valeriana
Depressão e má alimentação desnutrição
A quantidade reduzida ou aumentada de calorias ligadas à deficiência de alguns minerais (como zinco, crômio e ferro) e vitaminas (como a D e do complexo B) pode se tornar um ambiente favorável ao surgimento de transtornos mentais pela diminuição da produção de certos neurotransmissores e também pela diminuição de sua ação.
Além disso, o cérebro demanda nutrientes e energia, devido a sua alta taxa metabólica.
Portanto, em casos onde a alimentação está insuficiente, como em pessoas com desnutrição, as funções cerebrais podem não funcionar de forma adequada.
Além disso, existem fatores neurotróficos, importantes para plasticidade e manutenção neural, que são motivados pela ingestão de nutrientes.
Dessa forma, está aí a importância de se manter uma alimentação saudável e equilibrada, com a quantidade e qualidade correta de macro e micronutrientes.
Nesse sentido, fica mais claro quando vemos que hábitos dietéticos inadequados, com alto consumo de ultraprocessados, ricos em aditivos químicos, gorduras trans e açúcares, podem ser prejudiciais a saúde mental.
Por isso, é importante reforçar com seus pacientes que apresentam quadro depressivo a necessidade da mudança de estilo de vida, para que estes alimentos também passem a ser cada vez menos comuns na sua rotina.
Referências
Li et al. Fish consumption and risk of depression: a meta-analysis. Journal of Epidemiology and Community Health, 2016.
Souza et al. A importância da abordagem nutricional no tratamento da depressão. Brazilian Journal of Development, 2021.

Editora do Blog DGLab