Nesse artigo vamos falar sobre a relação entre álcool e hipertrofia.

Muito se fala sobre o quanto o consumo de álcool atrapalha a saúde e o ganho de massa muscular.

Para quem quer “ganhar” uma melhor musculatura, ter uma vida social pode atrapalhar um pouco esse plano.

Isso porque socialmente, o churrasco acompanha uma boa cerveja gelada, o jantar acompanha um vinho, e o poker com os amigos acompanha um copo de whisky.

Mas até que ponto é possível manter o equilíbrio e conciliar consumo de álcool e hipertrofia?

Se você tem interesse em saber mais sobre esse assunto, acompanhe o artigo até o final.

Para começar

Como tudo no que exageramos, o consumo excessivo de álcool também leva a desequilíbrios.

Existe uma relação causal entre o uso do álcool e os transtornos mentais, comportamentais, além de doenças não transmissíveis e lesões físicas.

Mas por ser uma das substâncias mais consumidas e culturalmente aceitas no mundo, poucos se dão conta dos seus malefícios.

Dependendo da dose e frequência do consumo alcoólico, ele pode causar danos importantes a curto e a longo prazo.

Qual a relação entre álcool e hipertrofia?

Para uma boa estratégia de hipertrofia são importantes algumas estratégias:

  • superávit calórico
  • dieta ajustada
  • treino de força
  • hidratação adequada
  • sono de qualidade

Para começar a falar dos efeitos do álcool, vamos falar que ele afeta o sistema nervoso central, atuando como depressor, e causando uma série de problemas a curto e a longo prazo.

A curto prazo

Ou seja, logo após a ingestão alcoólica, se ela é demais, é comum a perda de reflexos, de memória, da capacidade de julgamento, do controle inibitório e da tomada de decisões.

Uma vez que o paciente não consegue mais raciocinar direito, a tendência é beber ainda mais.

Nesse ponto, acaba esquecendo de consumir água, come tudo o que estiver mais fácil e ao alcance e, por fim, dorme sob o efeito alcoólico.

Como consequência, no dia seguinte o organismo apresenta sinais de desidratação, e sintomas como:

  • dores de cabeça
  • náuseas
  • inapetência
  • letargia
  • indisposição pela má qualidade de sono

Desse modo, ainda “de ressaca”, dificilmente o paciente será capaz de seguir a dieta e o treino, pois estará cansado e com maior tendência a boicotar os combinados.

Só tais efeitos, já bastariam para concluirmos que o consumo constante de álcool é prejudicial.

Mas além disso, ele acelera os batimentos cardíacos, altera a ação de enzimas hepáticas, irrita as mucosas gástricas, e aumenta a diurese, sobrecarregando os rins.

A longo prazo

Seu consumo regular está ligado ao aparecimento de:

  • doenças hepáticas (como cirrose)
  • doenças cognitivas (como demência)
  • déficits funcionais (em memória, atenção, raciocínio)
  • ansiedade
  • depressão

Exatamente por conta dos problemas aparecerem depois de um tempo, muitos demoram a perceber seus efeitos nocivos, e acabam demorando a retirada do álcool do estilo de vida.

Dependendo da rotina, hábitos, objetivos, e contexto socioeconômico do paciente, será inviável a retirada completa do álcool da noite para o dia, especialmente se o consumo for diário.

Assim, fica claro que o estilo de vida com frequência do consumo de álcool vai contra tanto os pilares da hipertrofia, quanto de qualquer vida saudável.

Como o álcool afeta o processo de ganho de massa muscular?

Diante desse cenário, vamos entender por meio de quais mecanismos o álcool atrapalha o ganho de massa muscular.

Primeiramente, causa prejuízos no metabolismo da glicose, com isso, atrapalha o treino e a recuperação pós-treino.

Do mesmo modo, prejudica a qualidade do sono, gerando maior fadiga e menor recuperação muscular.

Ter um bom sono, e de duração suficiente, é fundamental para que hormônios anabólicos, que favorecem o ganho de massa muscular, sejam produzidos e liberados de forma ideal.

Com o aumento da diurese, o álcool promove também a desidratação.

Como as células musculares precisam estar hidratadas para acontecer o crescimento muscular, esse ganho acaba prejudicado.

Para ir além, a ingestão de álcool promove menor oxidação lipídica.

O corpo dá preferência para eliminar o álcool e para a queima dos estoques de gordura.

Dessa maneira, o álcool afeta todo o organismo, incluindo o desempenho físico, antes, durante e depois dos treinos.

Assim como, o ganho de massa magra acaba sendo menor, fazendo com que o seu aluno não chegue em seus resultados.

Qual a relação entre álcool e emagrecimento?

Pacientes que buscam o emagrecimento ou que tem problema com obesidade precisam ter mais atenção com a ingestão alimentar, uma vez que devem estar em déficit calórico.

De forma geral, cada mL de álcool tem 7 kcal, o que se aproxima da quantidade de calorias das gorduras (9 kcal/g).

Ainda, quando comparamos o seu valor energético com o dos carboidratos ou proteínas (4 kcal/g), notamos que o álcool é muito mais energético.

Mas é pior: essas 7 kcal são o que chamamos de “calorias vazias”.

Ou seja, não dão nutrientes, somente energia de baixa qualidade.

Além disso, raramente o álcool é consumido sozinho.

Muitas vezes é acompanhado de produtos açucarados e várias rodadas de petiscos, geralmente muito calóricos.

Logo, o processo de emagrecimento se torna mais difícil dado que no total, os drinks e aperitivos somam um grande valor calórico no fim das contas.

Por conta disso, fica mais difícil seguir as metas e objetivos estéticos com os finais de semana regados a álcool, não é mesmo?

Como orientar sobre o consumo de álcool no consultório?

Quando o consumo é casual, de cunho social, e em pouca quantidade, os riscos à saúde são menores, apesar de ainda existir.

Se o paciente fizer muita questão de consumir, cabe ao profissional ajudar a dar opções para encaixar, vez ou outra, na dieta.

Na busca por diminuir os impactos do álcool, existem opções de bebidas com menos calorias do que outras. Confira:

  • Cerveja = 1 garrafa (355 ml) equivale a 153 kcal
  • Gin = 1 dose (25 ml) equivale a 66 kcal
  • Vinho tinto = 1  taça (150 ml) equivale a 128 kcal
  • Vinho branco = 1 taça (150 ml) equivale a 123 kcal
  • Vodka = 1 dose (25 ml) equivale a 58 kcal

Lembrando que uma caipirinha adoçada, por exemplo, não contém somente as calorias da cachaça, mas também as do açúcar.

Por isso, a soma energética total, usada na dieta ao longo da semana deve ser bem ajustada.

Outra boa dica para seu paciente pode ser misturar cada copo de álcool com um copo de água.

Assim, pode haver redução do consumo, além de hidratação, reduzindo os danos e os riscos da “ressaca”.

Além disso, chame a atenção para o risco do consumo regular do álcool, visto que ele pode levar à dependência química e causar danos dolorosos no futuro.

Nesses casos a retirada de uma vez não é orientada, mas sim a redução das doses, ligado a acompanhamento psicológico.

Além disso, a construção de novos hábitos exige tempo e resiliência.

Sem dúvida, a médio e longo prazo, a mudança de comportamentos vai impactar de maneira positiva na saúde.

Como a genética está ligada ao consumo de álcool?

Por ser a fonte das informações para a produção de enzimas que metabolizam o álcool, certas variações no DNA, podem afetar diretamente o modo como o corpo responde a ele.

O gene ADH1C, que codifica a enzima hepática Álcool Desidrogenase Classe 1, é relevante nesse cenário.

Dependendo do polimorfismo presente neste gene, pode acontecer a produção da enzima com atividade mais lenta.

Se uma pessoa tem essa variação genética, isso leva a uma maior sensibilidade aos efeitos do álcool, deixando o organismo mais apto a ele.

Nesse caso, é recomendado diminuir o seu consumo ou até mesmo evitar.

Mas apesar da genética mostrar a facilidade de cada organismo em processar o álcool, o cuidado com o consumo de bebidas alcoólicas deve ser considerado por todos.