Muito tem se falado sobre a cirurgia bariátrica como solução para a obesidade, comorbidade cada vez mais prevalente nos dias atuais.
O que torna a cirurgia atrativa é a perda de peso induzida, podendo chegar entre 15 e 35% de perda, o que traz benefícios para pacientes que realmente precisam dessa alternativa.
Mas será que é uma boa solução?
Siga lendo para entender!
O que é a cirurgia bariátrica?
É uma cirurgia conhecida como “redução de estômago”, que é indicada em casos de obesidade grave e de doenças agravadas pelo excesso de gordura corporal.
O termo que dá nome ao procedimento surgiu na década de 1960, e se originou do grego baros, que significa “peso”, associado a um derivado de iatrós, “médico, aquele que trata”, aqui usado com o sentido de “tratamento”.
O tratamento exige preparos antes e depois da cirurgia, que inclui perda de peso inicial, mudanças no estilo de vida e acompanhamento multiprofissional.
Tipos de cirurgia bariátrica
Existem três procedimentos básicos em cirurgia bariátrica, que podem ser divididos em:
- Restritivos: são procedimentos que diminuem a quantidade de alimentos que o estômago é capaz de receber, reduzem o grau de fome e induzem a sensação de saciedade precoce.
- Disabsortivos: são cirurgias que mudam bastante a absorção dos alimentos ao nível de intestino delgado, conhecidas como “cirurgias de bypass intestinal” ou “cirurgias de desvio intestinal”.
- Mistos: são cirurgias que apresentam elevados índices de satisfação, e por isso são as mais realizadas no Brasil e no mundo. Também conhecidas como “cirurgia de by-pass gástrico” ou “cirurgia de fobi-capella”, causam uma restrição na capacidade de receber o alimento pelo estômago, que fica menor.
Para quem é indicada o procedimento?
Em primeiro lugar, devemos entender que não são todos os pacientes com excesso de peso que são eletivos para realizar a cirurgia.
Ela é indicada para pacientes com obesidade grave (IMC acima de 40 kg/m²) ou com obesidade grau II (IMC entre 35 a 39,9 kg/m²) que têm comorbidades.
Porém, mesmo se enquadrando nestes parâmetros de IMC, uma série de fatores devem ser considerados pela equipe responsável pelo caso.
Antes de partir para a bariátrica como primeira opção, é importante ver se o paciente tem limitações que o impossibilitam de perder peso de outras maneiras.
É importante conhecer se o paciente já tentou outras opções para perda de peso, como é o seu histórico familiar, quais são as outras comorbidades associadas, e avaliar os riscos da cirurgia, entre outros aspectos.
Algumas pessoas têm mais dificuldade do que outras quando se trata de perder peso. Isso pode estar associado a fatores genéticos, como é o caso do gene FTO e do gene MC4R, cujos genótipos de risco predispõem sobre uma maior compulsão alimentar, maior sensação de fome, e escolha por alimentos mais calóricos.
Sendo assim, indicamos o teste nutrigenético que é crucial para ver os genótipos.
Entretanto, ter genótipos de risco não significa que você estará destinado à obesidade.
Os hábitos de vida são determinantes nesse desfecho, tanto para quem opta pela cirurgia, quanto para quem escolhe uma abordagem não cirúrgica.
O pré-operatório
Caso seja realmente necessária a cirurgia, o acompanhamento especializado será imprescindível em todas as etapas.
O tratamento deve incluir aconselhamento nutricional, psicológico e treinamento físico, uma vez que se trata de uma abordagem complexa, de grande impacto na vida da pessoa.
Além disso, a maioria dos pacientes indicados para a bariátrica precisa conseguir uma perda de peso no pré-operatório.
De modo geral, isso contribui para uma melhora na saúde global, melhora a segurança do procedimento cirúrgico e também auxilia na recuperação do paciente.
Então inicia-se um processo de emagrecimento prévio, com meta de perda de peso, geralmente entre 5% a 10% do excesso de peso do paciente.
A perda deve ser gradual, acontecendo ao longo dos meses que antecedem a cirurgia, e sempre planejada e acompanhada por um profissional da nutrição, em conjunto com a equipe multiprofissional.
Dependendo do caso, o médico responsável irá avaliar a necessidade de intervenção com remédios.
Pode ser necessário um complemento medicamentoso, que irá proporcionar uma perda de peso limitada.
Por conta disso, essa estratégia sozinha não é eficiente, nem saudável.
Logo, deve sempre estar atrelada às mudanças de hábitos alimentares, e de estilo de vida.
Como é a recuperação pós-operatória?
Independentemente do tipo de procedimento, os pacientes necessitam de acompanhamento nutricional periódico para orientar mudanças alimentares.
Bem como promover a correção de deficiências nutricionais que possam ocorrer após a operação.
A cirurgia modifica definitivamente a estrutura anatômica do sistema digestivo, induzindo a restrição e/ou disabsorção dos alimentos.
Isso exigirá alguns cuidados pós-operatórios para que a recuperação corra bem.
A princípio, nas primeiras horas após a cirurgia a dieta deve ser líquida, facilitando o processo digestivo.
Pode ser introduzida gradualmente a dieta pastosa ou sólida de acordo com a tolerância individual.
Os pacientes são aconselhados a fazer 3 pequenas refeições por dia, bem mastigadas, de acordo com a aceitação e ir melhorando a dieta como conseguir.
A literatura sugere que os pacientes que passam pela cirurgia bariátrica estejam em risco de apresentar deficiência das vitaminas A, B12, B1, B9, C, D e K.
Por isso, a suplementação no pré e no pós-operatório pode ser necessária.
Porém, para garantir um resultado efetivo e duradouro, é importante investir em mudanças no estilo de vida.
Por fim, dieta, exercícios físicos, sono e controle de estresse são pilares importantíssimos, sempre respeitando os limites do paciente para a alcançar a perda de peso e mais saúde.
Editora do Blog DGLab